Coroação pública

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No final de junho do ano passado, quando foi gravado o primeiro DVD do quarteto de Nashville Kings of Leon, o grupo formado pelo clã Followill – os irmãos Nathan, 30 (bateria), Caleb, 28 (guitarra e vocal), Jared, 23 (baixo), mais o primo Matthew, 25 (guitarra) – já ocupava a posição de maior banda de rock do mundo. Seu quarto álbum, Only by the Night, lançado em setembro de 2008, havia vendido mais de 6 milhões de cópias ao redor do planeta, superando as marcas do mais recente disco dos ingleses do Coldplay, até então donos da vaga. No mesmo ano, o grupo faturou seu primeiro Grammy, na categoria melhor performance de rock, pela canção "Sex on Fire"

Mas a consagração do Kings of Leon deu-se mais especificamente em abril de 2009, após uma turnê de 17 shows pelos Estados Unidos, quando a banda caiu de vez nos braços da América – até então, o sucesso era maior na Europa, Austrália e Nova Zelândia. Quando chegaram a Londres, nos últimos dias de junho, para os três shows que fariam na O2 Arena e que seriam gravados para dar origem ao primeiro registro em vídeo da carreira da banda, já desembarcaram na terra da rainha carregando uma segunda coroa: além dos "reis de Leon" (em homenagem ao avô, Leon), eram os novos reis do rock.

E a majestade não veio à toa. É o que fica claro logo nas primeiras faixas de Kings of Leon: Live at the O2 London, England, DVD ao vivo lançado no exterior em novembro do ano passado, e que este mês (finalmente!) chega às lojas brasileiras. Em três noites de gravações, para um público de 18 mil pessoas, os Followill dominam a plateia com um setlist de 22 músicas e uma performance vigorosa e direta ao ponto.

Sem grandes exageros cênicos ou tecnológicos, os integrantes sobem ao palco sérios e a tensão transparece nas primeiras canções, "Notion" e "Be Somebody"– Caleb é famoso por vomitar de tanto nervosismo alguns segundos antes de cada apresentação. Mas a pressão de fazer um show perfeito, multiplicada pela presença de inúmeras câmeras, em nada atrapalha o quarteto, que impressiona pela perfeição de cada acorde e pela perspicácia em construir um repertório equilibrado e abrangente (confira o set list completo no quadro ao lado).

A redenção completa do público fica explícita na sétima canção do show, "Fans", em que Caleb, empunhando seu violão, confessa o medo da banda diante da ideia de registrar um show ao vivo, acalentado pela familiaridade com os fãs que os acolheram antes do resto do mundo. "Percebemos que não haveria lugar melhor para fazer isso do que Londres", diz, levando todos ao delírio.

Ao longo do registro, espalham-se sequências perfeitas como a que enfileira as mais climáticas, "Milk", "Closer" e "Crawl" ou a dupla "Charmer" e "Sex on Fire". Mas, somente após uma hora de apresentação, é que Caleb dá os primeiros sinais de que está à vontade – agradece a presença da mãe BettyAnn e até arrisca passos de dança durante "On Call" –, ao contrário do primogênito Nathan, que esbanja tranquilidade ao manobrar sua bateria enquanto estoura bolas de chiclete.

Coincidência ou não, Kings of Leon: Live at the O2 London, England chega ao Brasil com quatro meses de atraso, mas poucas semanas após a "coroação oficial" da banda, simbolizada pelas três estatuetas douradas recebidas na 52.ª edição do Grammy, graças à faixa "Use Somebody" (gravação do ano, melhor música de rock e melhor performance de rock), outro grande momento desse recém lançado DVD. GGGGG

Serviço:

DVD Kings of Leon: Live at the O2 London, England. Sony Music. Preço médio: R$ 29,90.