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A classe política vista pelo prisma de Kambe na série A Liga do Mickey ou A Velha Nova Diretoria | Imagens: Reprodução
A classe política vista pelo prisma de Kambe na série A Liga do Mickey ou A Velha Nova Diretoria| Foto: Imagens: Reprodução

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Claudio Kambe e Attila Wensersky

Obras dos dois artistas da geração 1970. Museu Guido Viaro (R. XV de Novembro, 1.348 – Centro), (41) 3018-6194. Inauguração hoje, às 19h30. Visitação de terça a sábado, das 14 às 18 horas. Até 7 de junho. Entrada franca.

  • Azulejo da série de nus de Attila: forma e cor

Duas técnicas e duas visões de mundo diferentes compartilham, a partir de hoje, o anexo do Museu Guido Viaro, inaugurado em 2013. A exposição Claudio Kambe e Attila Wensersky – Obras dos Dois Artistas da Geração 1970 resgata talentos locais "maduros", na descrição de Kambe, que mostra nove obras em óleo sobre tela.

As séries escolhidas por ele após o convite dos administradores do espaço, netos do grande pintor ítalo-paranaense, dão conta de uma crítica à política e ao comportamento contemporâneos. Em grandes telas quadradas acinzentadas, ele retrata a mecanização do ser humano, com títulos como Triturador de Coração e Incubadora Humana.

Outra série de cinco quadros menores apresenta A Liga do Mickey ou A Velha Nova Diretoria. São frios personagens dotados das orelhas do famoso ratinho da Disney, que, por suas características, representam grupos: militares, religiosos, mulheres que massacram, políticos. Chama a atenção a única personagem feminina, que transparece crueldade. "É um tipo de mulher que, quando pega pesado... não tem nada a ver com sensibilidade. O olhar frio é carregado de culpa. Eles nem parecem humanos", conclui o artista, criado na cidade de Cambé (PR), onde iniciou a carreira de ilustrador que o levaria a trabalhar por um período de oito anos para o jornal Folha de S.Paulo.

Um quadro isolado de Kambe tem uma história interessante: partiu da encomenda de um advogado, que foi retratado sobre um cavalo, disposto a libertar a Justiça aprisionada. Não deu certo. Para consertar, o rosto do mecenas ganhou uma máscara, misto de cavaleiro medieval com o personagem "V", do filme V de Vingança, inspirado no revolucionário inglês Guy Fawkes e depois usada em protestos de rua. "Virou arte", conclui Kambe.

"Lado positivo"

Nas paredes opostas, Attila dispõe 35 de seus azulejos pintados com esmalte vidrado, numa explosão de cores que cria uma polarização em relação ao colega paranaense. "Ele é o polo positivo", brinca Kambe.

Em seis conjuntos duplos de azulejos dispostos na vertical, Attila mostra naturezas mortas, que, segundo ele, foi o tema que mais se encaixou com a técnica pretendida. "Eu queria muita cor, e a natureza morta se prestou perfeitamente a essa exploração", conta. Essa é a primeira vez que o artista investe em lajotas pequenas, já que sua especialidade são grandes painéis.

Nesse novo processo de trabalho, ele começa criando difusas manchas de cor – "é só uma sugestão de forma" –, que depois ganham traços de desenho e contorno raspados com o cabo do pincel. A queima subsequente faz com que a cor ganhe firmeza e o aspecto de vidro. "Meu negócio é a cor", conta o artista. "Não estou preocupado em contar história nenhuma."

Outra série apresenta nus não realistas, em que o corpo feminino ganha vastos contornos difusos. "O corpo magro não é sensual", opina o artista. Os seis quadros de traço solto e dinâmico são inspirados na obra de Henri Matisse (1869-1954).

Por fim, outra série se refere à natureza paranaense, com um pinheiro aqui e um lambrequim ali, sempre repletos de cor.

Todas as obras estão à venda no local.

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