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"Eu sou um homem ridículo. Agora eles me chamam de louco. Isso seria uma promoção, se eu não continuasse sendo para eles tão ridículo quanto antes". As palavras do escritor Fiódor Dostoievski (1821 – 1881), presentes no parágrafo de abertura do conto Sonho de um Homem Ridículo, vão ecoar na voz do ator Celso Frateschi, logo mais à noite, no Teatro Sesc da Esquina, que recebe a estréia do espetáculo adaptado do texto do autor russo na mostra oficial do Festival de Teatro de Curitiba.

Com o intuito de fazer uma reflexão subjetiva sobre o período em que atuou como secretário de cultura de São Paulo (de 2003 a 2004), durante a administração de Marta Suplicy, o próprio Celso Frateschi propôs aos integrantes do Centro de Desenvolvimento Teatral Ágora – ONG fundada por Frateschi junto com o diretor da peça, Roberto Lage – a montagem de um espetáculo a partir da obra de Dostoievski. "Estava há muito tempo sem criar nada novo. Até fiz teatro durante o tempo em que estava na secretaria, mas nada que envolvesse um grande esforço criativo. Andava envolvido na leitura de Memórias do Subsolo, mas não tive nenhum insight de teatro com ele. Quando reli Sonho de um Homem Ridículo, vi que era isso mesmo que queria falar, dialogar com esse tipo de idéias", conta Frateschi, em entrevista ao Caderno G.

No dia seguinte após a entrega de seu cargo na secretaria paulistana, Frateschi passou a trabalhar na adaptação do conto e a peça estreou poucos meses depois, em São Paulo. O que era para ser uma temporada de cinco semanas, acabou se esticando por mais cinco meses, com direito a uma passagem de sucesso pelo festival gaúcho Porto Alegre Em Cena. Após uns meses de férias, o espetáculo volta aos palcos em Curitiba, de onde segue viagem para o interior paulista.

Segundo o ator, o transposição para o teatro preservou a forma narrativa do texto do escritor russo, que Frateschi considera bastante teatral. "Hoje o teatro contemporâneo trabalha muito com narrativa. Os principais dramaturgos e diretores têm retomado a teatralidade dessa forma", explica. Em termos ideológicos, a montagem busca dialogar com universo proposto por Dostoievski e aproveitar elementos contemporâneos e modernos presentes no texto, como o raciocínio por vezes cubista e surrealista. "O que ele escreve mexe muito com a alma humana", destaca.

Serviço: Sonho de um Homem Ridículo (SP). Teatro Sesc da Esquina (R. Visconde do Rio Branco, 969), (41) 3322-6500. Texto baseado no conto homônimo de Dostoievski. Direção de Roberto Lage. Com Celso Frateschi. Hoje e amanhã, às 20h30. Ingressos a R$ 24.

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