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The Turin Horse traz o estilo inimitável do diretor húngaro | Divulgação
The Turin Horse traz o estilo inimitável do diretor húngaro| Foto: Divulgação

Nader e Simin, uma Separação é um poderoso drama político e social

Dentre os filmes mostrados ontem na 61.ª edição do Festival de Berlim, outro favorito a ganhar, no próximo dia 19, o cobiçado Urso de Ouro de melhor filme é Nader e Simin, uma Separação, de Asghar Farhadi, poderoso drama moral e social, que se passa no Irã dos dias atuais.

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  • Nader e Simin, uma Separação: favorito

Berlim - The Turin Horse (O Cavalo de Turim, em tradução livre), estranho como todos os trabalhos do diretor húngaro, foi exibido ontem no Festival Internacional de Cinema de Berlim e já é apontado com um dos favoritos aos prêmios principais. O filme começa com uma introdução de Tarr contando em off o que aconteceu em Turim, no dia 3 de janeiro de 1889, quando o filósofo Friedrich Nietzsche sai pela porta do número 6 da Via Carlo Albert. Não muito longe dali, o cocheiro de um tílburi está tentando controlar um cavalo teimoso, mas apesar de todo o seu esforço, o animal se recusa a andar e o cocheiro começa a chicotear o bicho. Nietzsche desce a escada, põe fim a essa cena brutal e, aos prantos, abraça o pescoço do cavalo.

Após esse início, o filme avança com a narrativa traçando uma meticulosa descrição da vida do cocheiro, de sua filha e do seu cavalo.

O novo trabalho do diretor húngaro traz todas as marcas do seu estilo inimitável, incluindo as tomadas em preto e branco e, sobretudo, tons de cinza, atores que trabalham em pontos sempre acima ou abaixo do natural – e com quase nenhum diálogo.

Assim, como seus filmes anteriores – O Homem de Londres e Satantango – Tarr aborda os dramas existenciais do homem moderno de forma única e fascinante.

Mais do que biblico, o clima do filme é apocalíptico. O poço de água seca, a luz se extingue, ciganos invadem a propriedade, pai e filha terminam imóveis, em um tipo de imobilidade que paralisa os personagens, sempre com os mesmos gestos repetidos.

A entrevista coletiva, após a projeção de The Turin Horse – da qual participou a Gazeta do Povo –, aconteceu após a projeção do longo filme de Tarr, que tem 146 minutos. Leia os principais trechos:

Por que um filme que remete a Nietzche?

A questão é quanto tempo nós temos aqui. Se o assunto for Nietzche, vamos entrar noite a dentro. Mas resumindo, tudo partiu de uma idéia que eu tenho há tempos, desde os anos 60, em Budapeste, quando eu li sobre ele.

O que o senhor quis mostrar no filme?

Que não queremos uma solução ou indicar para onde as pessoas devem ir. Queremos apenas mostrar como vemos o mundo. O fato de que tudo na vida passa e a impossibilidade de uma resposta para isso. A velha questão é sobre o que estamos fazendo aqui.

Como definiria o tema principal – seria a questão da dor?

Concordo que não se pode expressar a alma sem dor. Acredito profundamente que a audiência identificará a dor, o mundo está repleto dela. Mas para fazer o filme, nós também sofremos. Mas o ponto principal é a vida.

Há alguma razão especial para colocar os ciganos no filme?

Sim. O filme é passado em seis dias. Os ciganos vieram no terceiro dia, trazendo a liberdade com eles.

Por que o senhor trabalha sempre com a mesma equipe?

Já estive pensando nas razões de trabalharmos há tantos anos juntos. Acho que é porque não precisamos discutir, debater pontos das filmagens, enfim, é pegar a câmera e filmar.

No caso de ganhar o Urso de Ouro, o que representaria esse prêmio para a Hungria?

Não sei o que significa para o cinema húngaro ganhar um prêmio aqui. É difícil competir em trabalhos de arte. É como comparar Proust com Dostoiévski. E, no próximo festival, esses prêmios estarão esquecidos. E, também, eu não vim aqui para competir com nenhum outro cineasta.

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