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Debora Olivieri em "Rosa": lembranças e reflexões sobre os rumos do povo judeu | Ernesto Vasconcelos/Divulgação
Debora Olivieri em "Rosa": lembranças e reflexões sobre os rumos do povo judeu| Foto: Ernesto Vasconcelos/Divulgação

Sustentar um monólogo de uma hora e meia não é para qualquer um – nem com qualquer texto. E a narrativa do norte-americano Martin Sherman, aliada à interpretação de Debora Olivieri, certamente produziu em "Rosa" um desses casos raros de pura degustação das palavras.

O público que assistiu à apresentação de sábado (31) à noite no Teatro do Paiol entrou numa daquelas sintonias com a obra que fazem manter um silêncio absoluto, gargalhar em momentos oportunos e aplaudir seja com lágrimas rolando ou aos brados de "bravo!".

Debora vive Rosa, uma senhora judia que recorda toda sua vida sentada numa poltrona, entre goles de água para tentar recobrar o ar que já lhe falta. A primeira vez em que ela perdera o fôlego fora um Varsóvia, quando conhecera o primeiro marido, talvez cigano, de cabelos vermelhos. A filha Ester atinge os três anos mas não passa deles, vítima dos horrores impostos à "nossa raça", "nós", como se refere Rosa aos judeus. Esse sentimento de irmandade permeia o espetáculo, em que não passam dez minutos sem uma bem-humorada autodepreciação, típica do humor judaico.

Enquanto fala de seu passado, ela conta também os rumos de seu povo, até alcançar a terra prometida e criar Israel, em meio a todo o sentimento proveniente dessas transformações. Na raiz da veia narrativa de Rosa, estão a perda e o eterno retorno ao shivah, o período de luto em que ela se encontra e que em sua vida fora frequente e doloroso.

Tudo isso, o espectador descobre graças a uma "contação de história" viva, que faz imaginar as cenas como se diante de uma projeção. As angústias e alegrias vão e vêm, sem se tornarem enfadonhas – ainda que em um ou outro momento alguns espectadores tenham consultado o relógio do celular, abrindo aquela luz que atrapalha a pessoa do lado.Aproveitou melhor quem conhece termos e referências saídas dessa cultura. Infelizmente, não há mais ingressos disponíveis.

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