O ritual de beija-mão: Lula é tratado como Messias| Foto: Ricardo Stuckert./Arquivo

Pitágoras foi o primeiro grande gênio da cultura ocidental. Seu teorema, criado cinco séculos antes de Cristo, deu um novo sentido à matemática. Um feito gigantesco. Isso não o impediu, porém, de cometer bobagens dignas de um idiota consumado.

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Ele criou uma religião cheia de regras absurdas. Uma delas proibia terminantemente qualquer de seus seguidores de comer feijão. Segundo ele, o grão de feijão adquiria forma humana (!?) se fosse colocado em um túmulo recente e coberto com esterco por 40 dias.

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Pois bem, se Pitágoras era capaz de tamanha estultice, não é de se admirar que 400 ditos intelectuais e artistas brasileiros tenham emprestado seu nome e credibilidade e assinado um manifesto defendendo a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à presidência da República em 2018.

Na verdade, é difícil achar alguém relevante entre os 400. Tirando os músicos Chico Buarque, Martinho da Vila e Beth Carvalho, o escritor Fernando de Morais (autor de Olga e Chatô, entre outros bons livros), e a atriz Marieta Severo, a maioria é composta de ilustres desconhecidos cujo apoio não elegeria um vereador em Pindamonhangaba.

O manifesto, intitulado “Por que Lula?”, já é desonesto intelectualmente de largada. “(...) que nos faz, através (sic) desse documento, solicitar ao ex-presidente Luiz Inácio LULA da Silva que considere a possibilidade de, desde já, lançar a sua candidatura à Presidência da República no próximo ano, como forma de garantir ao povo brasileiro a dignidade, o orgulho e a autonomia que perderam.”

Qualquer um sabe que não é preciso que ninguém “solicite” a Lula sua candidatura. Ele está mais do que empenhado nela por conta própria. A solicitação é somente um disfarce, bem fraquinho, aliás, para as reais intenções do ex-presidente.

É também estarrecedor que assim autodenominados intelectuais pensem que a dignidade, o orgulho e até a autonomia do povo brasileiro estejam atreladas a apenas uma pessoa, como se o destino da nação dependesse de Lula. Uma visão que lembra o sebastianismo português, coisa do século 16, e que não combina com um país que se pretende moderno e com artistas e intelectuais que deveriam produzir novas ideias.

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O tal documento prossegue dizendo que Lula precisa voltar “Porque ainda é preciso incluir muita gente e reincluir aqueles que foram banidos outra vez”. Ora, não é segredo que grande parte da população que ascendeu socialmente nos anos dourados de Lula voltou à pobreza graças às políticas econômicas desastradas de sua sucessora, um poste inventado por ele, sem nenhum tipo de preocupação com o Brasil.

Ainda o texto traz velhas bobagens sobre a “soberania do pré-sal, suas terras, sua água, suas riquezas”, mais disparates sobre “papel ativo no cenário internacional”, até chegar ao final triunfante: “O Brasil precisa de Lula!”.

Se isto é o melhor que a cabeça de 400 intelectuais e artistas de esquerda brasileiros podem produzir, talvez o feijão de Pitágoras não seja uma tolice tão grande assim.