Shephard brincou com a previsão errada postando uma imagem do vinil “Blood on the Tracks” (1975) com um par de talheres.| Foto: Reprodução/twitter.com/alex_shephard

A notícia do controverso Nobel de Literatura para Bob Dylan foi especialmente surpreendente para Alex Shephard, editor da respeitada revista norte-americana “New Republic”.

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Por duas vezes, às vésperas do anúncio do prêmio neste ano e em 2015, o jornalista garantiu que o compositor americano, nome frequente nas listas de especulações dos últimos anos, jamais seria laureado. “Parem de dizer que Bob Dylan deve ganhar o Prêmio Nobel”, escreveu o jornalista no último dia 6 de outubro, “100%” certo de que o compositor não venceria.

No ano passado, Shephard chegou a prometer que comeria sua cópia do LP “Blood on the Tracks” (1975) se Dylan ganhasse.

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“Apesar de ser adorado por pessoas que não sabem nada sobre que tipo de escritores de fato ganham o Prêmio Nobel de Literatura, Bob Dylan não vai ganhar o Prêmio Nobel de Literatura”, cravou.

Reação

O jornalista demonstrou perplexidade com a notícia desta quinta-feira (13), mas reagiu com bom humor.

“Estou sendo humilhado sem parar o dia inteiro”, disse, em uma conversa com o também jornalista Ryu Spaeth publicada pela “New Republic”.

Chances

Como o Prêmio Nobel de Literatura não escolhe o premiado a partir de uma lista fechada de indicações, as expectativas se baseiam em especulações como as da casa de apostas britânica Ladbrokes. O nome de Bob Dylan começou a aparecer com mais força depois de 2007 e chegou ao topo em 2011, permanecendo entre os favoritos desde então – apesar do ceticismo de críticos como Alex Shephard. A probabilidade de Dylan estava em 50/1 quando o jornalista avaliou a lista da Ladbrokes para 2016.

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No Twitter, Shephard postou uma foto de sua cópia de “Blood on the Tracks” com dois talheres.

“Estou tentando descobrir se é seguro comer vinil a manhã toda”, escreveu, em resposta a um usuário da rede social que citou o caso de um jornalista do “Washington Post” que prometeu comer suas palavras se Donald Trump fosse o escolhido do Partido Republicano para a corrida presidencial dos Estados Unidos.

Dana Milbank comeu seu artigo impresso no jornal em uma receita de ceviche, em maio.

Opinião

Em um texto para o jornal sueco “Expressen Kultur”, Shephard falou sobre como a “estranha escolha” dividiu os norte-americanos, que deverão discutir exaustivamente a decisão que deu ao país o primeiro Nobel em Literatura em 23 anos. A crítica apostava em nomes como Don DeLillo e Philip Roth.

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No fim, Shephard assumiu uma posição ponderada sobre a premiação em um blog da publicação. O jornalista questiona o que exatamente o Nobel está premiando, já que, para ele, seria um erro avaliar as letras de Dylan isoladas da canção e de sua produção musical.

O jornalista fala sobre o anacronismo do debate sobre como Dylan deveria ser reconhecido – poeta, bardo, trovador ou algo nesta linha –, já que a canção é uma forma de arte plenamente reconhecida, e o norte-americano é inclusive um dos responsáveis por consolidá-la.

Como compositor, Shephard sugere, o laureado está à altura de um Nobel. Mas o jornalista se alinha à conclusão de seu colega da “New Republic” Ryu Spaeth, para quem o Prêmio Nobel deveria ter criado um prêmio específico para a música se quisesse reconhecer um músico.