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Scarlett Johansson (Janet Leigh), Anthony Hopkins (Hitchcock) e Hellen Mirren (Alma): momento decisivo da vida e da carreira do cineasta | Divulgação
Scarlett Johansson (Janet Leigh), Anthony Hopkins (Hitchcock) e Hellen Mirren (Alma): momento decisivo da vida e da carreira do cineasta| Foto: Divulgação

Cinema

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O maior problema de Hitchcock, que estreia hoje em Curitiba, é falar de um dos- diretores mais inventivos da história do cinema sem muita ousadia. O filme do diretor britânico Sacha Gervasi é divertido, envolvente até, mas lida de forma tão anedótica e superficial com a complexa figura do mestre do suspense (vivido por Anthony Hopkins), que, ao fim e ao cabo, termina por retratá-lo mais como caricatura do que como homem.

O roteiro de John J. McLaughlin, baseado no livro Alfred Hitchcock e os Bastidores de Psicose, de Stephen Rebello, retrata todo o processo de realização do maior sucesso de bilheteria da carreira do diretor. De quebra, ao contrário do livro, mostra como Alma (Helen Mirren), mulher de Hitchcock, teria sido uma espécie de coautora do longa-metragem, interferindo em seu roteiro e na montagem final. E essa não teria sido a primeira vez.

À época, o diretor tinha 60 anos, havia acabado de finalizar Intriga Internacional (1959), que também se tornaria um êxito comercial, e buscava uma história boa o suficiente para filmar.

Foi quando caiu-lhe nas mãos o romance Psicose, de Robert Bloch, uma obra de pulp fiction que muitos consideravam de extremo mau gosto, por conta da violência excessiva, e das insinuações sexuais que a permeavam. Hitchcock, apesar do texto ruim, apaixonou-se pela história.

O livro contava, de forma ficcional, os crimes verdadeiros praticados em 1957 pelo serial killer Ed Gein. Norman Bates, o personagem criado por Bloch, e interpretado em Psicose por Anthony Perkins, é inspirado em Gein, assassino que guardava souvenires de suas vítimas (geralmente mulheres) em casa.

Por conta do preconceito em torno do livro, a Paramount, ao tomar conhecimento do interesse de Hitchcock pela história, não quis produzi-lo. O diretor foi obrigado a financiá-lo com seus próprios recursos, em uma operação de grande risco: se Psicose fracassasse, perderia boa parte de sua fortuna. Coube ao estúdio apenas distribuir a fita.

Hitchcock, portanto, não é uma cinebiografia, mas um recorte, que mostra um momento decisivo da vida e da carreira do cineasta. Esse é um de seus trunfos. Mas Anthony Hopkins, talvez em decorrência do roteiro, não consegue dar muita complexidade à sua composição de Hitch: reproduz seu físico peculiar, o jeito de falar, o senso de humor cortante. Mas o filme de Gervasi não consegue lhe dar uma dimensão mais humana. A Alma de Helen Mirren acaba sendo o melhor de Hitchcock.

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