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Antonio Banderas vive Mario Sepúlveda, mineiro que liderou o grupo durante o resgate. | Divulgação
Antonio Banderas vive Mario Sepúlveda, mineiro que liderou o grupo durante o resgate.| Foto: Divulgação

O improvável, mas bem-sucedido resgate de 33 mineiros soterrados no desabamento de uma mina de ouro e cobre por 69 dias em 2010, no deserto do Atacama, no Chile, é uma daquelas tragédias contemporâneas tão bem documentadas que fica difícil torná-las mais instigantes do que a primeira página de buscas sobre o assunto no YouTube. O filme estreia nesta semana em Curitiba – veja no Guia onde assistir.

No caso de “Os 33”, que conta essa poderosa história, a solução foi um clichê hollywoodiano: uma versão romantizada do ocorrido, com rostos conhecidos e narrativa linear de blockbuster. Mas, se não ousa, a produção compensa com uma direção esperta da mexicana Patricia Riggen e um toque sensível que equilibra a balança.

Relembre o resgate

Os mineiros sobreviveram 69 dias em um refúgio de segurança dentro da mina de San José. O resgate é considerado um dos mais espetaculares da história.

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O roteiro é uma adaptação do livro “Na Escuridão”, do escritor e jornalista (vencedor do prêmio Pulitzer) norte-americano Héctor Tobar. Para não criar um Frankenstein, os roteiristas basearam o filme em três personagens-chave: o ministro que esteve à frente das buscas e resgate, Laurence Golborne (Rodrigo Santoro); a irmã de um dos mineiros, María Sagovia (Juliette Binoche, em ótima atuação) e Mario Sepúlveda (Antonio Banderas, também com boa interpretação), mineiro que liderou o grupo preso na mina San José e instantaneamente se tornou um herói nacional.

A história mostra, mas não aprofunda de fato, dramas pessoais. Também não é muito enfática em retratar a tortura representada por uma prisão natural a 700 metros da superfície, sob um calor que supera os 35 ºC, por vários dias, muitos deles sem saber se alguém já está à sua procura. Falta claustrofobia: a tensão existente não chega a incomodar o conforto da poltrona. Em vez disso, o filme enfoca os esforços implacáveis de Golborne (com uma boa dose de pressão) para resgatar os trabalhadores.

Enquanto isso, os mineiros e suas famílias lutam para manter a esperança, sobretudo nos 17 dias até a equipe de resgate descobrir que estão todos vivos. E é em sentimentos mais primários, como o medo da morte e o alívio do reencontro, que o filme encontra sua face mais sensível e bem-sucedida.

Mesmo com um elenco repleto de atores latinos e hispânicos, o idioma escolhido foi o inglês com uns toques de espanhol aqui e lá – uma mistura às vezes forçada, que faria mais sentido se a trama se passasse em Miami.

Brigas

Se dentro da mina os mineiros se uniram para um desfecho feliz, hoje fora dela eles travam uma batalha que os divide. Pelo menos três estão descontentes com os valores repassados pelos direitos à história e tentam fechar um acordo que consideram mais justo.

Inclusive um deles, o capataz “Don Lucho”, tem bastante destaque no filme. O mais enfático na vida real, no entanto, é Victor Zamora, que pouco aparece na versão cinematográfica. Mas ele não parece preocupado com isso, já que se recusou a participar da pré-estreia de “Os 33” no Chile e afirmou que não verá o filme. Zamora lidera esse pequeno grupo que acusa os produtores de aproveitarem o calor do momento para criar contratos que pareciam irrecusáveis. Uma luta que já dura bem mais de 69 dias.

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