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Os protagonistas de Drive (esq.) e Inverno da Alma revelam altruímo sobre-humano | Fotos: Divulgação
Os protagonistas de Drive (esq.) e Inverno da Alma revelam altruímo sobre-humano| Foto: Fotos: Divulgação

Nossos heróis não morreram de overdose, esse privilégio fica com anti-heróis muito mais interessantes, desde Dom Quixote, passando por Robin Hood até Jack Sparrow.

Foi-se o tempo em que fazer tudo certinho rendia nota máxima a um personagem. Pelo contrário, os hipercorretos irritam o telespectador ou leitor.

Em meio aos malvadões ou desajeitados campeões de ibope, surge um novo tipo de protagonista heroico. Ele é low-profile, não se gaba de coisa alguma, toca sua vidinha e parece isento de sentimentos. Mas uma dificuldade extrema envolvendo seus entes queridos o leva a defendê-los com ações extremadas, cumprindo a trajetória típica do herói clássico, que o transporta a um patamar mais elevado da humanidade. E ele vai levando junto suas falhas.

É o caso do motorista interpretado por Ryan Gosling em Drive (2011). O filme de Nicolas Winding Refn, vencedor da Palma de Ouro em Cannes pela direção, tem por protagonista um sujeito que quase não fala e parece desapegado, mas quando se apaixona é capaz de sacrificar-se pela amada e mexer com as cabeças da máfia de sua cidade.

Gran Torino (2008), de Clint Eastwood, já havia mostrado um homem no fim da vida que descobre a afeição, não tarde demais, e se entrega de forma a proteger seus amigos.

Dois outros exemplos mostram heróis modernos, ou talvez pós-modernos, que lutam com unhas e dentes pela sobrevivência da família. À Procura da Felicidade (2006) consagrou o ator Will Smith no território do drama ao encarnar um pai que precisa se estabelecer profissionalmente, com moedas contadas, enquanto cuida sozinho do filho dia após dia.

Da safra dos oscariáveis do ano passado, a heroína que mais impressionou foi Ree (Jennifer Lawrence), de Inverno da Alma. Sua missão – assumida, não imposta – é consertar a situação da família após o sumiço do pai, envolvido com o crime. Com a mãe doente e dois irmãos pequenos, ela luta contra a fome e a máfia rural norte-americana com a mesma coragem. Assim como em Drive, há um código moral próprio a ser seguido, e os personagens atuam dentro desses limites com verdadeiro altruísmo.

Vamos esperar as próximas pérolas que as artes vão produzir enquanto conduzem o novo herói à redenção ou seu desfecho trágico. Até mesmo James Bond, com sua ética duvidável, ganhou contornos mais humanos em Operação Skyfall, que estreou ontem nos cinemas.

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