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O acesso à música folclórica brasileira não é fácil, seja pela sua diversidade e extensão, seja por sua divulgação, quase sempre longe de ideal. Por isso, é ainda mais impressionante o percurso trilhado ao longo dos últimos 30 anos pelo Grupo Tarancón. O conjunto paulista não se propõe apenas a investigar o folclore brasileiro, mas aproximá-lo da música feita em toda a América Latina. A proposta foi pioneira quando a formação surgiu nos anos 70, mesclando certa ousadia musical com engajamento político. O show Gracial a la Vida, apresentado em 1975 no Teatro Tuca, em São Paulo, foi seguido de uma explosão de sucesso com ecos até hoje.

O público curitibano terá a oportunidade de conferir a trajetória musical do conjunto em apresentação única que o Tarancón realiza hoje no Teatro Fernanda Montenegro, em Curitiba. "É uma retrospectiva pautada pelas músicas que muitos gostariam e não puderam ouvir ao vivo, com apenas uma ou outra coisa mais recente", explica Jica Tomé, percussionista e vocalista. Serão tocadas faixas consagradas como "Pouco a Pouco" e outras antigas e recentemente resgatadas, como "Todo Cambia".

Além da formação original, que inclui Enan Racón (cordas), Jorge Miranda (baixo e cordas) Emílio de Angeles (voz e sopros) e Victor Peralta (zamponha, quenas, violão, charango e voz), a apresentação curitibana contará com participações do paranaense Denis Iurk, na percussão, e do peruano Juan Ramón Celi, nos sopros andinos, violão e voz. O Grupo de Danças do Centro Cultural Boliviano de Curitiba também participará do espetáculo.

Ao avaliar a trajetória do Tarancón, Tomé relembra da proposta inicial fortemente vinculada à resistência política, quando executavam músicas de Violeta Parra, Victor Jara, Pablo Milanes, Atahualpa Yupanqui e Milton Nascimento. "Partimos do pressuposto de aproximar o Brasil da América Latina, ligados a uma série de valores muito atrelados à esquerda. Depois, a ditadura acabou, e buscamos nos voltar para o lado musical, tentar ser uma soma do Brasil e da América Latina", conta o percussionista. O resultado é um conjunto que carrega marcas dos dois lados, ou seja, explora o repertório latino com influências da brasilidade e do folclore brasileiro com impressões de latinidade.

A diversidade também está representada pelo uso de instrumentos, como a quena (flauta de pã), a zamponha (flauta de bambu), a tarka (flauta no formato de totens), entre outros.

O próximo projeto de Tarancón é gravar um disco ao vivo, e, em seguida, investir em um novo repertório. "Queremos experimentar, misturando a música andina, a brasileira e um quarteto de cordas", diz Tomé, antes de encerrar a entrevista com humildade: "Nosso espetáculo sempre teve bom humor, por mais duras que sejam as coisas de que falamos. As pessoas vão saber o que se passa nos países vizinhos e ouvir música bem tocada na medida das nossas possibilidade. Com ou sem erros, é um espetáculo gostoso de ser ser visto", promete.

Serviço: Grupo Tarancón. Teatro Fernanda Montenegro (R. Coronel Dulcídio, 517), (41) 3224-4986. Hoje, às 21 horas. Ingressos a R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada). Informações: www.shoppingnovobatel.com.br.

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