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Viajar ao Rio de Janeiro, a trabalho, me fez pensar muito nas teorias e conceitos que me ensinaram durante os quatro anos do curso de Jornalismo. Elaboração de pauta, pesquisa, levantamento de informação, entrevistas, tirar fotos, escrever... Especialmente pelo fato de que, em minha rotina diária na Gazeta do Povo, essas "tarefas jornalísticas" não são de minha responsabilidade. Apesar de quase jornalista (a pouquíssimos dias da formatura), não sou repórter. Sou diagramador – concebo o desenho das páginas do jornal, usando o computador. Porém, a mim foi confiada a tarefa de viver a matéria, durante os dois dias em que estivemos na Biblioteca Nacional, para que, a partir dessa experiência, eu pudesse expressar visualmente tudo aquilo que pude absorver durante a visita. Fiz isso com as fotos que ilustram esta edição e com o design das páginas.

Para mim, uma estreia. E que estreia! Oficialmente, minha "primeira pauta" e logo em uma viagem ao Rio de Janeiro. Eu me senti privilegiado, mas confesso que também fiquei apreensivo, um tanto nervoso, quase como no primeiro dia de emprego. "Será que dou conta do recado?", pensei. Esses sentimentos vieram à tona especialmente porque a pauta era uma biblioteca. Não sou amante de literatura, muito menos um voraz consumidor de livros. Visitas a bibliotecas, para mim, eram sinônimos de pesquisa bibliográfica para os intermináveis trabalhos da faculdade. Nada mais do que isso. Um tanto incoerente para quem escolheu o jornalismo como profissão. Mas...

Entrar na centenária sede da BN me fez mudar esse conceito. O prédio é imponente, se parece com um castelo (como disse uma das pessoas entrevistadas para a matéria). O acervo é algo, no mínimo, espantoso. São 9 milhões de obras espalhadas pelas diversas salas. É a maior biblioteca da América Latina. Oitava maior do mundo. Só os números e dados são algo de deixar qualquer um de boca aberta. É literalmente respirar cultura, informação, conhecimento. Mas o então crescente respeito e admiração por isso tudo não parou por aí. Obras que conhecia somente por conta das pesquisas acadêmicas estavam ali. Pertinho. De outras, sequer sabia da existência. Livros raríssimos. Ilustrações provavelmente inéditas de artistas famosos. Fotografias, mapas, discos, jornais e revistas. Tudo conservado e mantido por profissionais dedicados, alguns há mais de 20 anos na profissão.

Mas o que mais me impressionou foi a chance de poder ver, ao vivo, um exemplar de um dos primeiros livros impressos no mundo, a Bíblia de Mogúncia, datada de 1462. Não fosse a invenção de um certo alemão chamado Johannes Gutenberg, talvez as bibliotecas não existissem. Sequer esse exemplar de jornal que tem nas mãos. Oportunidade esta que, por questões de segurança, nem todos os que visitam a Biblioteca Nacional tem. Daí o título deste texto.

Sou muito grato pela chance de poder fazer parte, verdadeiramente, da construção de todo o material que encontra-se impresso nestas páginas.

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