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Novo disco de Alanis Morissette chega às lojas pouco antes do início de uma turnê brasileira que passa por Curitiba no dia 5 de setembro | Williams e Hirakawa/Divulgação
Novo disco de Alanis Morissette chega às lojas pouco antes do início de uma turnê brasileira que passa por Curitiba no dia 5 de setembro| Foto: Williams e Hirakawa/Divulgação

Show

Alanis Morissette

Curitiba Master Hall (R. Itajubá, 143), (41) 3248-1001. Dia 5 de setembro. O horário do show, os valores dos ingressos e a data de início das vendas devem ser divulgados nas próximas semanas.

Se o tempo passa para todo mundo, por que não passaria para a cantora canadense Alanis Morissette? A garota que surgiu para o mundo aos 21 anos com o disco Jagged Little Pill hoje tem 38. Está casada e tem um filho de 2 anos, Ever, mas nem por isso deixou de ser quem costumava ser. No dia 28 de agosto, Alanis lança seu oitavo álbum, Havoc and Bright Lights ("destruição e luzes brilhantes", em tradução livre), o primeiro desde que deixou o selo Maverick, que Madonna fundou na Warner — lá fora, o disco sai pelo selo de Alanis, Collective Sound, e, no Brasil, pela Lab 344. Com 12 canções bastante características do seu estilo (rocks e baladas confessionais), ela inicia nova fase de vida com muita disposição, inclusive para botar o pé na estrada — em setembro, faz uma série de oito shows no Brasil.

"Estou feliz. Quando tinha 10 anos, achava que alguém de 38 era muito velho. Mas agora que estou lá, sinto-me muito viva e muito mais confortável com meu corpo do que antes", conta, em entrevista por telefone, a cantora, que vem praticando muita ioga, spinning e basquete. "Também estou mais sábia. Sou grande fã desse negócio de ficar mais velha!"

As canções de Havoc and Bright Lights, Alanis diz ter composto num surto, num período de tempo muito curto. "Montei um estúdio na sala da minha casa, porque meu filho estava com cinco meses e meio e poderia precisar de mim", conta. "Então, eu e [o produtor de seus discos] Guy Sigsworth ficamos compondo lá. O processo foi bem rápido, fizemos cada canção em cerca de 30, 40 minutos. Viver uma vida toma muito tempo, mas comentá-la é bem rápido."

O título do disco resume as preocupações artísticas de Alanis: "Meu objetivo na vida é ser abrangente. Não só ser boa, mas dar conta de tudo. Sou geminiana, gosto da luz e das sombras, das dualidades, das contradições. ‘Destruição’ é o desafio, o vício, a recuperação e as dificuldades. ‘Luzes brilhantes’ são ideias sobre a fama e o espírito. Em nosso interior, todos somos luz."

Uma das faixas do disco em que a mensagem chega mais diretamente é a pesada "Celebrity" ("Dê-me celebridade/ Meu reino para ser famosa/ Diga-me quem eu tenho que ser/ Faminta por ser famosa"). "Um pouco da letra tem a ver com o meu próprio ego", admite a cantora. "Além disso, vivo em Hollywood, e é difícil para mim não falar sobre os três valores com os quais a América parece estar obcecada: ter 21 anos para sempre, fama e riqueza. Tive que rir disso e, ao mesmo tempo, reconhecer a violência disso."

Havoc and Bright Lights é um disco em que a cantora e compositora analisa diferentes tipos de relacionamento. "Em "Guardian" [o primeiro single do álbum, um rock bem anos 1990], eu falo do meu filho e, também, sobre a relação comigo mesma, sabendo que tenho de ser uma mãe para a criança que tenho dentro de mim", diz Alanis. "‘Til You’ [uma balada conduzida pelo piano] é uma canção de amor para o meu marido [o rapper Mario "MC Souleye" Treadway], sobre compromisso. E há uma outra canção, ‘Win and Win’ [um rock com tonalidades orientais], que fala de todos os conflitos: profissionais, corporativos e pessoais. É quando você descobre que o futuro tem que ser meio a meio, ou não há negócio."

Mercado

Vai aí, por sinal, uma menção clara ao seu imbroglio com a Maverick, que a cantora deixou em 2009, após 14 anos. "Com a gravadora, costumava ser 80% para ela e 20% para os artistas. Agora, o novo clima é mais meio a meio", diz ela. "Com o novo selo, tenho tido uma grande parceria. Depois de passar tanto tempo na mesma gravadora, a coisa ficou igual a um casamento em que a pessoa diz que não dará o divórcio, não importa o quão ruim esteja a união. Foram tempos sombrios."

Hoje, diz a cantora, seus contratos são feitos disco a disco, mercado a mercado. E um dos mercados mais importantes para ela é o Brasil, onde fará shows em São Paulo (2 e 3 de setembro), Curitiba (5, no Curitiba Master Hall), Rio de Janeiro (dia 7, no Citibank Hall), Belo Horizonte (9), Recife (12), Belém (14) e, por fim, Goiânia (16). "O Brasil é um dos meus lugares favoritos no mundo, toda vez que eu lanço um álbum tenho que ir aí, é obrigatório!", conta ela, que planeja mostrar nos palcos uma combinação das suas canções dos últimos 17 anos. "É sem dúvida o melhor show que eu já fiz."

Cena feminina

Referência para uma série de cantoras que surgiram após Jagged Little Pill (Shakira, Avril Lavigne, Nelly Furtado, Vanessa Carlton, entre outras), Alanis Morissette acredita que muita coisa mudou para as mulheres e para o rock nos últimos 17 anos. "Nos anos 1990, eu fazia shows com Rage Against the Machine, Radiohead, Foo Fighters e Prodigy. Um mundo muito dominado por homens. Eu me sentia aquela garota solo, flutuando no meio de toda a energia masculina", diz. "Mas depois teve o Lilith Fair [festival itinerante americano que aconteceu entre 1997 e 1999 só com cantoras e bandas femininas] e, hoje, há todo tipo de mulheres na linha de frente, sob o olhar do público. Espero que isso continue. Sinto que existe uma irmandade, não estou mais tão sozinha."

Alanis considera que sua carreira e as das seguidoras evoluíram paralelamente. "Meu ego quer que eu leve crédito por ter aberto algumas portas", brinca. "Mas, ao mesmo tempo, tivemos Tori Amos, Sinéad O’Connor, todas essas mulheres que faziam isso antes de mim. Somos partes de um mesmo movimento."

Além da música, do marido e do filho, Alanis se dedica agora às letras. Em março, começa a escrever seu primeiro livro. "Falarei sobre o que é ser mulher e mãe, sobre o processo artístico, sobre saúde e bem-estar, farei alguns comentários sociais e contarei algumas das minhas histórias", conta ela, que volta e meia pensa naquela Alanis dos 21 anos de idade. "Se eu pudesse encontrá-la, iria fazer com que ela tivesse mais pessoas a apoiá-la. Eu era muito solitária naquela época. Eu pediria a umas cinco pessoas para ficar por perto dela, zelando pelo seu bem-estar."

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