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Depois de vários adiamentos e até ameaças de um lançamento direto em DVD, a Sony leva aos cinemas brasileiros o terceiro longa da cineasta Sofia Coppola, "Maria Antonieta", que estréia em diversas capitais nesta sexta-feira (16), mas não em Curitiba.

A estréia do filme foi no Festival de Cannes, em maio de 2006, quando concorreu pela Palma de Ouro. Depois da primeira exibição, o longa chegou a ser vaiado, dividindo as opiniões da crítica por onde tem passado.

"Maria Antonieta" está longe de ser uma cinebiografia tradicional. Esse nem é o objetivo da diretora, que aqui está mais preocupada com as pessoas e seus sentimentos do que com o processo histórico no qual estão envolvidos. É uma opção ousada, o que, logo de cara, desagrada muitos.

O universo que a diretora Sofia Coppola procura retratar é o mundo da nobreza francesa do século 18, que se sustentava na superficialidade. Os figurinos de Milena Canonero (premiada com o Oscar) e a direção de arte dão a tudo a aparência de doces de uma finíssima confeitaria.

Essa abordagem pode dar ao filme uma aparência de superficialidade - o que está longe de ser.

O roteiro, assinado pela diretora, é baseado na biografia revisionista da rainha escrita por Antonia Fraser, mas não segue uma linha narrativa. Sofia está mais preocupada em criar momentos, climas. Assim, o filme vai sendo construído em cima de elipses.

O segundo trabalho de Sofia, "Encontros e desencontros", era a história de uma jovem inteligente presa a um casamento infeliz que a anulava. "Maria Antonieta" é sobre o mesmo assunto, mostrando uma moça cheia de vida e planos (interpretada por Kirsten Dunst) que vai perdendo o vigor por estar presa a uma sociedade cheia de normas.

Esse é um filme sobre o mundo de Maria Antonieta. Nele, política e povo praticamente não têm espaço. Só vamos ver a reação popular bem no final do filme, quando o rei Luiz 16 (Jason Schwartzman) estava a um passo da degola.

Essa cena é o momento em que a tal bolha cor-de-rosa (no caso, Versalhes) onde a rainha vive estoura e ela percebe que o mundo não é coberto de glacê real, como ela até então pensava.

Ao optar por trazer Maria Antonieta como uma jovem bem próxima das adolescentes de hoje, Sofia faz um diálogo entre passado e presente. Quer com isso dizer que os tempos mudam, mas os anseios, medos e prazeres, nem tanto. Destaque para a cena em que a personagem se delicia com um grupo de amigas escolhendo sapatos e tecidos.

A trilha sonora, por sua vez, é composta por clássicos e música pop dos anos 1980, o que causa um estranhamento a alguns. Para outros, permite uma aproximação com a personagem em seu mundo. Entre as bandas escaladas estão New Order, Siouxsie and the Banshees, e Bow Wow Wow - ao lado de mestres como Vivaldi e Scarlatti.

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