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Maria Ribeiro é Danielle, em Império | Globo/Renato Rocha Miranda
Maria Ribeiro é Danielle, em Império| Foto: Globo/Renato Rocha Miranda

Ator sabe que não deve planejar muito os rumos de um personagem de novela. Tudo pode começar de um jeito e, de repente, por algum detalhe ou identificação do público, tomar outra direção. Maria Ribeiro, por exemplo, nem imaginava que pudesse ver a consumista Danielle, de "Império" (Globo), sendo defendida pelos espectadores da trama quando foi aprovada nos testes para o folhetim. "A grande vantagem de participar de uma obra aberta é essa. Com a chegada da Amanda e o empenho da sogra em infernizá-la, a Danielle ganhou a simpatia dos telespectadores", conta Maria, referindo-se aos personagens de Adriana Birolli e Lília Cabral, respectivamente.

No folhetim das 21 horas da emissora carioca, Danielle é mulher de José Pedro, personagem de Caio Blat. A jovem é apaixonada por ele, mas tem de lidar o tempo todo com as armadilhas criadas pela mãe do rapaz, Maria Marta, vivida por Lília. Principalmente depois da chegada da prima do marido à casa onde moram. Amanda e ele tiveram um caso na juventude, que foi interrompido contra a vontade de José Pedro, num plano criado pelo comendador José Alfredo, papel de Alexandre Nero.

Inicialmente, Maria faria par com Bruno Gagliasso. Mas como o ator foi liberado para protagonizar "Dupla Identidade", série de Glória Perez, Caio Blat foi escolhido para substituí-lo. A troca fez com que Maria e Caio, que são casados na vida real, ponderassem vários aspectos antes de aceitarem o convite para interpretarem um casal na trama. "É muita exposição. Aceitamos porque a novela era legal, assim como os personagens. Ainda bem, porque só estamos colhendo bons frutos dessa parceria", avalia a atriz.

A Danielle enfrenta alguns problemas em seu casamento com a chegada da Amanda (Adriana Birolli). Nas ruas, o que o público mais comenta com você sobre a personagem?

MARIA RIBEIRO - Nossa, a Danielle passou de odiada à posição de amada pelas pessoas depois que a Maria Marta (Lília Cabral) deu aquele tapa forte nela. Rolou uma mudança muito intensa nesse contato das pessoas comigo a partir dali. A relação dela com a sogra é a coisa mais legal que a Danielle tem na novela. Muita gente tem problemas assim no casamento e isso é um ponto que chama a atenção dos telespectadores nesse papel.

Acha que o fato de você e o Caio serem um casal de verdade alterou, de alguma maneira, os rumos dos personagens?

MARIA - Não sei se tenho como avaliar isso. Novela a gente começa no escuro porque nunca sabe ao certo para onde o autor vai levar. Normalmente, você mantém um leque de opções mais aberto no início para, depois, tomar a direção escolhida por quem escreve o texto. Eu achava, por exemplo, que a Danielle era mais interesseira e fútil. Era o que vinha na sinopse. Não sei se foi pelo fato de a gente passar uma credibilidade nas cenas ou se o Aguinaldo (Silva, autor) já imaginava uma possível mudança. Mas acho que os personagens foram para um lugar diferente. Eu e Caio nos ajudamos. E com isso, podemos ter fortalecido o casal. Intimidade sempre faz bem nessas parcerias.

Você fez teste para interpretar a Danielle, algo que há muito tempo não acontecia na televisão com você. Como encarou isso?

MARIA - Eu não tenho problema com essas coisas. E espero poder fazer testes até ficar bem velhinha. Não é isso que diz se você é boa ou não. Acho natural que o diretor queira ver como você se sai com determinado personagem. Até porque eu faço testes para cinema com mais frequência. É uma atividade normal que mostra se você casa ou não com um papel, se aparenta a idade necessária. Não me incomoda.

Você está prestes a completar 20 anos de carreira na televisão. Como avalia essa trajetória?

MARIA - Sempre adorei fazer TV, mas nunca imaginei que seria o objetivo final da minha profissão. Eu tinha muita certeza de que dava para correr junto com o teatro, o cinema e outros projetos. Não coloco num degrau maior ou menor. Quando entrei em "História de Amor", que foi meu primeiro trabalho, fui muito feliz porque se tratou de um momento especial. Mas depois acabei ficando um tempo sem fazer.

Por quê?

MARIA - Ah, não rolou, não me chamaram mesmo. Então, fui trabalhar com o Domingos de Oliveira, o que eu acho que foi até mais interessante para a minha carreira. Vivi uma troca de experiências muito intensa com o Domingos. Depois, fiz "A Padroeira", mas metade do elenco saiu quando o Walter Avancini morreu e fui junto.

Aí veio a Record, que me deu mais oportunidades de atuação na televisão. Fui bastante feliz lá.

Tem algum trabalho que você destaque nos anos que passou como contratada da emissora?

MARIA - Tive dois momentos na Record que foram extremamente gratificantes: em "A Escrava Isaura" e "Rei Davi". "Poder Paralelo", quando trabalhei com o Lauro César Muniz, também foi muito legal. Esse período da Record foi bem produtivo para a minha carreira de atriz.

Antes da Record, os convites para trabalhos longos na televisão vinham com menos frequência. Acha que esse período mostrou que você estava mais aberta para esses trabalhos?

MARIA - Eu não sei se foi a Record que me colocou como uma opção mais forte para a televisão, porque também fiz séries boas na TV a cabo, que foram "Copa Hotel" e "Oscar Freire 279". Não sei exatamente o que me faz estar hoje em "Império", por exemplo. Mas eu também não fico achando que esse momento atual seja muito diferente de outros que vivi nos últimos anos. Tem mais visibilidade, porque é uma novela das 21 horas e exibida na emissora líder. Mas é motivo de orgulho tanto quanto os outros foram.

Você já dirigiu dois documentários. Tem vontade de investir mais na carreira de cineasta?

MARIA - Pois é, o meu documentário ("Los Hermanos - Esse É Só O Começo Do Fim Da Nossa Vida") estreia dia 15 de janeiro do ano que vem. Confesso que estou exausta porque tive um 2014 bem cansativo. É "Saia Justa" (GNT), teatro, lançar filme em festival, gravar novela, escrever coluna, enfim, nem consigo pensar muito. Sinto falta de ficar mais tempo com meus filhos. Eu tenho outros projetos para o cinema, já pensei num próximo documentário. Mas também não entro nessa onda de "quero dirigir, tem que ser agora". As coisas vão surgindo e vou fazendo. A questão é que tenho vontade de ser autora, não gosto só de dizer "sim" aos convites. Acabo fazendo meus próprios projetos também. Só não sei se vou ter coragem de dirigir ficção.

Falta coragem ou vontade de dirigir um filme de ficção?

MARIA - (Pausa) Bem, desejo eu tenho. Mas fazer documentário já é uma grande responsabilidade. Ficção eu acho mais difícil ainda Faria com uma equipe pequena, do mesmo jeito que faço os documentários. Mas o meu problema é que eu tenho muito mais ideias do que consigo de fato realizá-las (risos).

E para escrever?

MARIA - Isso é algo que eu adoraria fazer: escrever ficção. Eu tenho uma coluna na "TPM", mas é muito pessoal. É quase um diário. Para escrever um romance, por exemplo, não sei se sou capaz agora. Adoraria lançar um romance, até porque escrever é uma das coisas que mais me dão prazer.

Você tem a coluna e atua como apresentadora no "Saia Justa" (GNT). De onde acha que veio essa imagem de mulher intelectual?

MARIA - Eu sempre quis ser jornalista, nem pensava em ser atriz antes. Me formei em Jornalismo pela PUC-RJ em 1998, mas fiz novela no meio da faculdade e comecei a trabalhar com o Domingos (de Oliveira). Dirigi o documentário dele e rolou o "Saia Justa" Sempre gostei de escrever e essa coluna na "TPM" já está comigo hácinco anos. As coisas foram acontecendo naturalmente, mas eu também sempre fui uma pessoa que, desde a época da escola, se colocou à frente das situações. Eu era diretora do grêmio, já tinha essa coisa de me posicionar.

O "Saia Justa" deixa você com vontade de se aventurar mais como apresentadora na TV?

MARIA - Não. O "Saia Justa" é um trabalho muito específico. Sempre gostei do programa, achei bacana demais quando me chamaram, mas não me vejo na função de apresentadora. Ali, a gente não tem personagem. E a graça é um pouco essa. É uma exposição enorme também. Penso, sim, em ter programas meus, onde eu escreva e atue, mas não como apresentadora. Se bem que é difícil dizer, porque já tiveram coisas na minha vida que eu não me imaginava fazendo e, quando pintou a chance, fiquei empolgada e foi ótimo. Hoje, eu não penso sobre isso. No futuro, não sei.

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