• Carregando...
Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2 coloca um ponto final na saga de Harry e mostra a batalha final entre o bruxo e o vilão Voldemort | Divulgação
Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2 coloca um ponto final na saga de Harry e mostra a batalha final entre o bruxo e o vilão Voldemort| Foto: Divulgação

"Não foi aquela algazarra"

Ainda que a febre de Harry Potter tenha levado ao longo dos anos milhares de fãs para as portas das livrarias, que lançavam seus livros à meia-noite, o frenesi das vendas foi um pouco abalado pela concorrência que logo surgiu para disputar o mesmo público leitor: "O barulho aconteceu mesmo até o quarto livro. Tínhamos lista de espera, filas intermináveis e todo um suspense em torno da data de lançamento. Depois, o leitor de Harry Potter começou a se interessar também por outras coisas", afirma Laercio Demarch.

Para a fã Renata Bossle, porém, isso também aconteceu por conta de um atraso no lançamento do quinto livro – Harry Potter e a Ordem da Fênix demorou mais de três anos para ser escrito. Nesse meio tempo, os fãs cresceram e ultrapassaram os personagens em idade. Era natural que começassem a ler outras coisas, como a saga Crepúsculo ou mesmo O Senhor dos Anéis, que era, junto com Harry Potter, o maior sucesso de literatura de aventura fantástica, só que exigia um pouco mais do leitor.

Outro fator que tirou o glamour da estreia aqui no Brasil foi a comercialização precoce dos livros em inglês. "A partir do quinto livro, as livrarias começaram a trazer os importados antes que se tivesse a tradução, numa tentativa de vender duas vezes. O que era para somar acabou subtraindo. Depois disso, o lançamento dos livros não foi aquela algazarra", diz Demarch. Renata confirma: "Os últimos dois eu comprei em inglês mesmo".

Mesmo que as filas tenham minguado, a venda dos livros ainda é imbatível. Segundo dados da editora Rocco, que publica a série no Brasil, os sete livros de Harry Potter venderam 3,6 milhões de exemplares. (YA)

  • A escritora J.K. Rowling teve seu primeiro livro rejeitado por oito editoras antes de ser publicada. É, hoje, uma das autoras mais bem sucedidas do mundo
  • Os atores Daniel Radcliffe,Rupert Grint e Emma Watson no primeiro filme da série, Harry Potter e a Pedra Filosofal
  • Os mesmos atores no oitavo filme da saga, uma década depois: personagens que envelhecem com o público

Estreia, na próxima sexta-feira, dia 15, o último filme da saga de Harry Potter. Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2, baseado no livro homônimo – dividido em duas partes para o cinema – é o derradeiro lançamento previsto de um produto cultural com a marca que projetou a carreira da escritora britânica J.K. Rowling a níveis estratosféricos.

Entre simpósios dedicados a avaliar criticamente o fenômeno e conferências para decifrar os segredos do mercado baseado nesse case de sucesso, ninguém tem dúvidas a respeito do impacto cultural dos sete livros que narram a história de um menino bruxo destinado a salvar a humanidade do maligno Voldemort.

Tudo começou em 30 de junho de 1997, quando o primeiro livro, Harry Potter e a Pedra Filosofal, foi lançado na Inglaterra após ser rejeitado por oito editoras. Sem maiores divulgações, teve uma chegada discreta no mercado. "O sucesso da série foi todo devido ao boca a boca, e a partir do terceiro livro a febre começou, pois coincidiu com o lançamento do primeiro filme, em 2001", afirma o crítico de cinema Marden Machado. "Talvez o grande mérito da autora tenha sido fazer com que seus personagens envelhecessem junto com o público", diz, referindo-se ao fato de Harry ter 11 anos no primeiro livro e envelhecer um ano a cada novo volume.

A jornalista Renata Bossle é um exemplo de fã que cresceu junto com Harry. Ela tinha 12 anos quando leu o primeiro livro e 19 quando leu o último. Participou da equipe de tradução do mugglenet.com, o maior portal dedicado a Harry Potter do mundo e se mantém atualizada sobre as novidades referentes à saga. "É uma leitura de entretenimento. Não exige muito, mas é bem escrito e existem camadas de texto que podem cativar leitores mais exigentes, como intrigas políticas, por exemplo", explica. Para ela, que até então lia clássicos ou literatura específica para adolescentes do sexo feminino, como a série Diário da Princesa, da escritora Meg Cabot, o que angariou um público tão grande foi a presença de um protagonista masculino, capaz de gerar empatia com meninas e meninos.

Já para Laercio Demarch, gerente de produtos editoriais da Fnac Curitiba, a saga criada por J.K. Rowling abriu também um nicho ainda pouco explorado de best seller infanto-juvenil: "Antes, tínhamos pouca coisa voltada para essa faixa etária. Os livros eram mais puxados para os clássicos, como As Viagens de Gulliver ou Os Três Mosqueteiros, ou tinham mais um caráter didático, com lições de moral sobre o uso de drogas ou gravidez precoce. A partir de Harry Potter outras séries foram surgindo".

Marden Machado concorda com a opinião de Demarch, mas afirma que outros livros publicados a partir do sucesso de Rowling, como A Bússola de Ouro, Coração de Tinta e mesmo As Crônicas de Nárnia, publicados pela primeira vez na década de 50, não tiveram tanto sucesso no cinema: "Os outros filmes infantilizaram demais os personagens, e isso elimina parte do público potencial", e explica ainda que uma das razões pelas quais os três primeiros filmes de Harry Potter não fizeram tanto sucesso se deve à pouca idade dos personagens: "A partir do quarto [Harry Potter e o Cálice de Fogo], os personagens entram na adolescência, e os jovens que se interessam por histórias de amor e relacionamentos integraram a audiência".

Para Machado, uma coisa é certa: o fim da saga de Harry Potter vai deixar uma lacuna na indústria cinematográfica. "A Warner Bros., produtora do filme, dividiu o último episódio em duas partes porque sabe que a mina de ouro está secando. Não há outro investimento tão seguro e tão rentável para se apostar quanto as adaptações dos livros de J.K. Rowling", diz.

Renata Bossle, porém, acredita que a saga vai perdurar um pouco mais: "A autora tem um timing incrível. Já anunciou, em um vídeo promocional, o site pottermore.com, em que criará materiais colaborativos com os fãs, lançará material inédito e disponibilizará a venda de e-books da saga. Além disso, foram confirmados os boatos de que os estúdios Leavesden, na Inglaterra, onde foram feitos parte dos filmes, será transformado em museu. E novos fãs vão curtir esses elementos, não é uma moda que vai passar tão rápido".

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]