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Produtor de filmes B busca recursos para novo filme, em "O Crocodilo" | Divulgação/Downtown Filmes
Produtor de filmes B busca recursos para novo filme, em "O Crocodilo"| Foto: Divulgação/Downtown Filmes

Livros de Nadine Gordimer lançados no Brasil

- Contando Histórias (Companhia das Letras)

- De Volta à Vida (Companhia das Letras)

- A Arma da Casa (Companhia das Letras)

- O Engate (Companhia das Letras)

- O Gesto Essencial: Literatura, Política e Lugares (Rocco)

- Ninguém para Me Acompanhar (Companhia das Letras, esgotado)

- O Pessoal de July (Rocco)*

- Uma Mulher Sem Igual (Rocco)*

- A Filha de Burger (Rocco)*

- O Gesto Essencial (Rocco)*

- A História do Meu Filho (Si-ciliano)*

- A Monarquia Presidencial (Nova Fronteira)*

- Amante da Natureza (Codecri)*

- O Falecido Mundo Burguês (Artenova)*

- O Mundo de Estranhos (Difel)*

*Títulos fora de catálogo.

Nadine Gordimer deve ter pouco mais de 1,50 metro de altura e é uma gigante das letras. Com cabelos grisalhos, olhos atentos e a serenidade dos seus 83 anos, a escritora sul-africana, que venceu o Nobel de Literatura em 1991, veio ao Brasil para lançar o romance De Volta à Vida e a antologia de narrativas curtas Contando Histórias – com renda revertida ao combate contra a aids na África do Sul – durante a 5.ª Festa Literária Internacional de Parati (Flip), encerrada na semana passada.

Gordimer dedicou vida e obra para falar sobre questões difíceis, boa parte delas ligada ao regime segregacionista na África do Sul e às suas conseqüências. Com o fim do apartheid em 1990 – embora as injustiças sociais permaneçam –, a autora está mais preocupada hoje com questões ambientais. Estas são o foco principal de De Volta à Vida.

"De fato, o meio ambiente se tornou a questão mais importante do mundo hoje e não diz respeito somente a um ou outro país, mas afeta toda a humanidade. Vive-se um momento em que é preciso esquecer questões de classe e de cor para nos unirmos em torno dos problemas que afetam o planeta", disse em conversa com a imprensa durante a Flip.

A pergunta que não se pode evitar diante de Gordimer, uma escritora que deposita um bocado de fé na capacidade de sua arte gerar mudanças no mundo, é: Em que medida a literatura faz diferença?

"É uma pergunta muito boa e difícil. Como escritor, você tenta ser crítico e honesto em relação ao que acontece no mundo. Uma das conseqüências disso é ter seus livros banidos em sua própria terra", afirma, citando um evento do qual ela mesma é exemplo – teve várias de suas obras proibidas pelo governo sul-africano. Porém, ela admite as vantagens de produzir seus textos em inglês.

"Quando se tem a sorte de escrever em uma língua universal, é possível publicar fora de seu país. Dessa forma, aí está você, silenciado em casa, mas a voz do seu país pode ser ouvida por meio de sua escrita em outros lugares e pode afetar as vidas das pessoas. Talvez assim a ficção seja capaz de provocar mudanças."

Gordimer foi muito marcada pelo apartheid, antes e depois de ter sido institucionalizado – o regime segregacionista polarizando brancos e negros vigorou na África do Sul a partir de 1948 e por 42 anos.

Quando criança, ela percebia que tinha dinheiro para ir ao cinema, freqüentava a escola e, muito cedo, entendeu que a cor branca de sua pele era uma vantagem sobre os seus compatriotas de pele negra.

No apartheid, já era adulta e sofreu com o tratamento dado a várias pessoas queridas. Teve, por exemplo, amigos pessoais que foram presos por experimentarem relações inter-raciais, exemplo de como a política pode afetar mesmo a vida íntima das pessoas.

Para Gordimer, qualquer espécie de investigação da experiência humana – ou mesmo da vida – é uma atividade política. "São questões indissociáveis", diz. Ela acredita que hoje, abordando questões ambientais, consegue ser tão política quanto na época em que dissecava os absurdos do segregacionismo.

Apesar das preocupações que orientam seus textos, ela reconhece que, na condição de escritora, sua maior responsabilidade é com a palavra. "É preciso usar a palavra da melhor maneira possível, com coragem e com reverência".

Aids

Além do meio ambiente, Gordimer procura se engajar também no combate contra a aids em sua terra natal. Numa tentativa de levantar fundos para a organização não-governamental TAC (Treatment Action Campaign), com sede na Cidade do Cabo, responsável por campanhas informativas e pelo tratamento de pessoas infectadas pelo HIV no continente africano, a escritora elaborou uma antologia de contos (a já citada Contando Histórias), chamando duas dezenas de escritores fundamentais, de Gabriel García Márquez até Kenzaburo Oe. Todos abriram mão de seus direitos autorais em nome da causa.

"A aids é uma ameaça muito séria ao nosso desenvolvimento. Nunca se vai enfatizar demais esse tema. É muito, muito, muito importante. Ainda há muito o que fazer. E é um mistério porque o presidente da África do Sul (Thabo Mbeki), um homem inteligente que eu respeito muito, parece extremamente lento ao adotar políticas de combate à doença", diz Gordimer.

Uma das ofensivas mais importantes conta a aids, na opinião da escritora, foi a redução dos preços dos medicamentos produzidos por grandes companhias farmacêuticas. "Hoje, qualquer criança que nasce na África, filha de mãe soropositiva, recebe o medicamento para garantir sua saúde", explica. Ela cita também o trabalho da TAC, "uma organização que demonstrou muito talento ao criar campanhas para educar as pessoas para a prevenção".

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