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Nesta quinta-feira, 22 de maio, a produtora Brasil Paralelo estreia, em exibição única e gratuita no YouTube, o documentário inédito MST: Terra Prometida. A produção pretende elevar o debate nacional com a exposição dos bastidores e consequências do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), uma das entidades mais violentas do país. Após a exibição, o filme será excluído do Youtube e ficará disponível exclusivamente para assinantes da Brasil Paralelo.
A narrativa traz à tona questões que, há mais de quatro décadas, giram em torno da reforma agrária no Brasil: de promessas e ideais à realidade brutal de ataques, ilusões, irregularidades e manipulação midiática. Com um enfoque jornalístico e imagens inéditas, o documentário busca esclarecer o que está por trás do discurso de “justiça no campo”.
Com a qualidade técnica habitual da produtora, o documentário revela as incoerências e contradições do MST ao ouvir ex-integrantes do movimento, produtores rurais, proprietários de terras invadidas, especialistas em direito agrário e parlamentares.
Entre os entrevistados, nomes como o ex-presidente do INCRA no governo Bolsonaro, Geraldo Melo; a empresária Camila Telles; e o ex-integrante do MST Pedro Pôncio ajudam a contextualizar os conflitos que envolvem o campo brasileiro. Deputados federais como Ricardo Salles (Novo-SP), Caroline De Toni (PL-SC) e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União-GO), também contam suas descobertas ao tentar conter politicamente a criminalidade do grupo.
A face oculta da reforma agrária
Com mais de 40 anos de atuação, o MST se consolidou como protagonista do discurso da reforma agrária no Brasil. No entanto, contraditoriamente, os objetivos teóricos de redistribuição justa da terra têm se distanciado cada vez mais das práticas do movimento. Além de o MST se utilizar de “leis próprias" dentro dos acampamentos, criando uma espécie de governo paralelo à margem do Estado, aqueles que, por anos militaram dentro da organização, expõem a ilusão e a decepção das promessas que nunca alcançaram.
Um dos trechos mais impactantes do documentário mostra como o MST opera por meio de ocupações organizadas, que seguem uma espécie de coreografia já conhecida: invasão, instalação de acampamentos, manipulação de dados de produtividade e posterior institucionalização com apoio de programas do governo.
Além disso, é revelado que o MST não possui CNPJ, o que impede sua responsabilização jurídica e favorece a captação de recursos por meio de centenas de associações e cooperativas. Segundo o documentário, essa estrutura serve como fachada para acessar verbas públicas, como os programas de aquisição de alimentos.
Favelamento do campo
Outro eixo do documentário é o retrato das condições de vida nos acampamentos. Longe da promessa de prosperidade e dignidade, o que se vê são barracos improvisados, ausência de saneamento básico, escolas e postos de saúde, além de um verdadeiro mercado paralelo do próprio MST, onde os preços dos produtos básicos são exorbitantes.
Relatos de ex-integrantes revelam a frustração de quem acreditava na titulação da terra e acabou sendo enganado. A ausência de assistência técnica, financiamento e acesso a serviços transforma muitos assentamentos em bolsões de miséria. O filme aponta ainda que a titulação promovida durante o governo Bolsonaro beneficiou mais de 400 mil famílias, mas muitos dos titulados estão agora ameaçados de expulsão das próprias terras por se tornarem “personas non gratas” ao movimento.

O documentário destaca a presença de elementos doutrinários nos acampamentos. Ali são criadas escolas para promover aulas sobre luta de classes e doutrinação marxista, nos quais os alunos são incitados a lutar até as últimas consequências pelos ideais utópicos.
Comove os relatos de ex-integrantes que viveram tantos anos fiéis à causa e ao grupo e depois confessaram a ignorância, a fome que passaram e o tempo perdido com o que eles, tarde demais, entenderam que era um contexto análogo à escravidão. Além da decepção moral e econômica, eles também denunciam como o MST os utilizou como “massa de manobra” política e tornou os acampamentos meros “currais eleitorais”.
Invasão Zero
Dada a insegurança jurídica e ao contexto de medo constante de novas invasões, produtores rurais começaram a se organizar. O movimento Invasão Zero, por exemplo, surgiu de forma espontânea e pacífica, a fim de se opor à ocupação ilegal de propriedades rurais. A ideia central, explica o líder Luiz Henrique Uaquim, não é ser contra a reforma agrária, mas contra a prática da invasão como instrumento hostil de pressão política.
Ainda no propósito de trazer esperança ao caso, Goiás e São Paulo são apontados como estados-modelo, onde a atuação da polícia e o respeito à lei têm conseguido frear novas invasões. O documentário mostra que a pujança do agronegócio, com alta tecnologia e produtividade, é o contraponto direto ao discurso do MST.
Com o avanço da tecnologia no agronegócio brasileiro, terras antes consideradas improdutivas tornaram-se altamente lucrativas. Isso mudou o alvo das ocupações do MST, que passou a invadir propriedades produtivas — o que, para os entrevistados, comprova o esvaziamento dos princípios fundadores do movimento. O documentário conclui que, se não fosse o apoio direto de governos simpáticos à causa, o MST estaria definhando.
- MST: Terra Prometida
- 2025
- 92 minutos
- Indicado para maiores de 16 anos
- Disponível no canal da Brasil Paralelo no YouTube às 20h do dia 22 de maio. Após a data, apenas assinando a Brasil Paralelo