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O artista gráfico Elifas Andreato e a autora Maria Adelaide Amaral. Ao fundo, algumas capas famosas do designer.
O artista gráfico Elifas Andreato e a autora Maria Adelaide Amaral. Ao fundo, algumas capas famosas do designer.| Foto: TV Globo / Márcio de Souza

O artista gráfico Elifas Andreato morreu na última terça-feira (29), aos 76 anos, vítima de complicações após um infarto. Conhecido pelas mais de 360 capas capas de disco que produziu para artistas como Chico Buarque, Elis Regina, Vinícius de Moraes e Toquinho, Andreato faleceu em São Paulo e terá o corpo velado no crematório da Vila Alpina, na Zona Leste da cidade.

Nascido em Rolândia, em 1946, em um norte do Paraná ainda atrasado e rural, criado por um pai alcoólatra que trazia mais prejuízos presente que nas diversas vezes que abandonou a família, Elifas era o mais velho de seis irmãos.

Chegou na capital paulista de trem e se abrigou em um cortiço na Vila Anastácio. "Foi um período muito triste, muito ruim. Um quarto para seis, a cozinha era comunitária, o banheiro era comunitário, era uma coisa terrível”, contou, em entrevista concedida em 2014. Começou a ajudar a mãe juntando o gesso jogado por uma fábrica na beira de um riacho para "esculpir umas coisinhas".

Enquanto aprendia o ofício de torneiro mecânico, começou a fazer charges para o jornal dos operários, até ser descoberto pela crítica de arte Marli Medalha, do extinto Diário da Noite, dos Diários Associados.

Aos 21 anos, chegaria à Editora Abril, que dizia ter sido sua "loteria". Unido a um grupo de jovens jornalistas que despontava na editora, desenvolveu o projeto que mudaria sua vida: História da Música Popular Brasileira. O lançamento da coleção aproximou Elifas de figuras como Nelson Cavaquinho e Cartola. Na mesma época, viriam Milton Nascimento, Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil.

“Eu nunca fui chamado por nenhuma gravadora. Era o artista que me chamava. Eu ia jogar futebol, sinuca, com os caras, porque era dali que ia sair as ideias. É a vida produzindo a obra naquele momento", contou, em 2014. "Se você não estiver descontraído tomando uma cerveja, conversando fiado, ou mesmo falando daquilo que você vai ter que ilustrar… Ninguém ouve um disco sem antes ver a capa, ninguém lê um livro sem antes ver a capa, ou um texto sem antes ver a ilustração".

Pelas redes sociais, artistas lamentaram a morte de Andreato. A cartunista Larte escreveu, via Twitter: " Ah, tristeza maior! - o Elifas Andreato morreu. Beijo, Elifas! Ô coisa". "Aquele que melhor ilustrou a alma brasileira, foi agora para junto das estrelas e de lá seguirá nos inspirando", publicou o rapper Emicida. O Corinthians, time de Andreato, também se manifestou sobre sua morte: "Uma salva de palmas para esse traço único".

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