Judd Nelson, Ally Sheedy, Emilio Estevez, Molly Ringwald e Anthony Michael-Hall, o quinteto que atua em “Clube dos Cinco”| Foto: Divulgação Hulu
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Talvez a maior surpresa do Oscar seja Os Rejeitados. A comédia dramática dirigida por Alexander Payne é um filme de orçamento baixo, mas de criatividade e singeleza inquestionáveis, e foi indicada a cinco prêmios: Melhor Filme, Ator, Atriz Coadjuvante, Roteiro e Montagem.

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O filme se passa em 1970 num internato para meninos na Nova Inglaterra (nordeste dos Estados Unidos). Durante o recesso de Natal, o mal-humorado professor Paul Hunham (Paul Giamatti) precisa ficar no local tomando conta dos alunos que não puderam passar as festas com as respectivas famílias. Todos os alunos acabam saindo, menos um: Angus Tully (interpretado pelo novato Dominic Sessa). Paul e Angus, que não se dão bem em sala de aula, ficam confinados nas imensas dependências da escola, tendo por companhia apenas a cozinheira, Mary Lamb (Da'Vine Joy Randolph), uma mulher traumatizada pela recente morte do filho na Guerra do Vietnã.

Assistindo a Os Rejeitados, é impossível não lembrar dois filmes: Ensina-me a Viver (1971), de Hal Ashby, que fala sobre o relacionamento de um jovem de família rica com uma octogenária e, especialmente, Clube dos Cinco (1985), de John Hughes, em que um grupo de alunos fica de castigo na escola durante um fim de semana.

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Hughes é um personagem singular do cinema norte-americano: dirigiu algumas das comédias adolescentes mais adoradas e de maior sucesso dos anos 1980, como Gatinhas e Gatões, Curtindo a Vida Adoidado e Mulher Nota Mil, mas abandonou Hollywood nos anos 1990 e desapareceu. Não deu mais entrevistas e foi cuidar da família. Morreu em 2009, de um fulminante ataque do coração, aos 59 anos. Não dirigia um filme desde 1991.

Sessão conjunta de terapia

Clube dos Cinco periga ser seu melhor filme. É, sem dúvida, o mais criativo, ao confinar cinco adolescentes de temperamentos e vidas diferentes dentro de uma escola. Temos a “Patricinha” Claire (Molly Ringwald), o atleta Andrew (Emilio Estevez), a melancólica Allison (Ally Sheedy), o cerebral Andrew (Anthony Michael-Hall) e o “caso perdido” John (Judd Nelson). Por razões diversas, os cinco passam um sábado (mais especificamente, o sábado, 24 de março de 1984) de castigo na biblioteca da escola, sob supervisão do vice-reitor da escola (Paul Gleason), que ordena que eles escrevam uma redação com o título “Quem eu acho que sou”.

Para passar o tempo, os cinco começam a conversar, nem sempre amistosamente, e as fricções e diferenças entre eles criam um ambiente tenso. Logo, os papos enveredam para assuntos mais sérios, como o relacionamento com os pais, sexo, as inseguranças da juventude, o medo da chegada da vida adulta, bullying, a inadequação social que vários deles sentem, e até suicídio. O filme vira uma espécie de sessão conjunta de terapia.

Todo mundo que viu Clube dos Cinco nos anos 1980 ficou impactado pela profundidade e beleza de um filme que, aparentemente, nada mais era que uma simples diversão escapista, um filme bobo de “Sessão da Tarde”. Está aí a genialidade de John Hughes: conseguir tratar assuntos sérios com um verniz pop-adolescente.

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Outro grande filme dele tem os mesmos méritos: é Antes Só Do Que Mal Acompanhado (1987), sobre um executivo arrogante (Steve Martin) que, no feriado de Ação de Graças, fica preso numa nevasca em companhia de um destrambelhado vendedor (John Candy). O que, a princípio, parece só uma comédia escrachada, acaba por se revelar um filme sensível e emocionante sobre a necessidade de empatia.

Clube dos Cinco está disponível para locação via Claro Video, Google Play, Amazon e Apple TV.