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Totem da Polícia Militar foi a principal ação do governo Lerner, mas não vingou. | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Totem da Polícia Militar foi a principal ação do governo Lerner, mas não vingou.| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Eles já foram úteis, mas hoje não servem para praticamente nada. Equipamentos que anos atrás chegaram a ser essenciais para a população, agora são alvos de vandalismo e pichação, já que não têm mais utilidade. Atualmente, apenas compõem o cenário urbano de Curitiba, quase como esqueletos de uma época, trazendo apenas a memória de quando ainda tinham serventia. São os trambolhos urbanos.

Orelhões

Orelhões hoje são alvos de vandalismo e servem para publicidade ilegal de prostituição. Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Criado em São Paulo em 1971 pela arquiteta Chu Ming, da Companhia Telefônica Brasileira (CTB), os orelhões foram implantados pela simplicidade e conforto aos usuários. O formato oval proporcionava maior comodidade acústica e a fibra de vidro utilizada na proteção do telefone diminuía sensivelmente o preço em relação às cabines telefônicas de acrílico. Essenciais até os anos 2000, os orelhões - ou Telefones de Uso Público (TUPs), do nome técnico oficial - passaram a entrar em desuso com a popularização dos celulares.

Atualmente, Curitiba tem 7,5 mil orelhões, que voltaram a ganhar um certo fôlego nos últimos anos. Desde 2015, em penalidade à operadora Oi, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) determinou que toda ligação local ou interurbana para telefones fixos feita de orelhão seja gratuita.

Mas nem isso foi suficiente para voltar ao volume de ligações entre as décadas de 70 e 90. De acordo com a Oi, no ano passado, 30% dos orelhões sequer chegaram a ser utilizados. Dos que foram usados, 68% das vezes foi para chamadas não tarifadas - o que mostra que os orelhões hoje só são realmente utilizados em último caso . Ou seja, atualmente, os orelhões basicamente servem para receber anúncios ilegais de prostituição .

Totens da PM

Dos antigos totens para acionar a PM ficaram apenas as bases de concreto.Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Principal marca da segurança pública no governo Jaime Lerner (1995-2002), os totens da Polícia Militar foram mais midiáticos do que efetivos. As estruturas foram espalhadas por Curitiba e outras cidades do Paraná. Numa época em que os celulares não eram tão populares, a população podia acionar diretamente a central da PM pelos totens . Na sequência, uma viatura era enviada para atender a ocorrência. Inicialmente a ideia era de que os totens servissem como ponto de referência para o atendimento pela PM, mas, com o tempo, os policiais receberam a determinação de ficar nesses pontos, não saindo nem para atender ocorrências.

O modelo, denominado Policiamento Ostensivo Localizado, não trouxe nenhuma mudança na estrutura do atendimento da PM. A gestão de Gustavo Fruet (PDT) na prefeitura tentou reaproveitar a estrutura, instalando interfones acoplados a câmeras de segurança para atendimento da Guarda Municipal. Mas a ideia tampouco foi para frente. De tão ineficiente, os totens logo foram inutilizados de vez, restando apenas os esqueletos de concreto pela cidade.

Totens multimídia

Totens multimídia eram muito usados pela população no começo, mas perderam funcionalidade com o avanço dos smartphones.Marcos Xavier Vicente/Gazeta do Povo

Em 2006, a prefeitura de Curitiba espalhou 69 totens multimídia em terminais de ônibus, praças, Ruas da Cidadania e outros locais de grande movimento de pessoas. Os totens eram equipados com computadores com internet, por onde os cidadãos tinham acesso a diversos serviços municipais, como endereços de postos de saúde e escolas, horários de ônibus, resultados de concursos públicos, telefones úteis, informações turísticas, notícias da cidade e acesso a e-mail e ao andamento de solicitações protocoladas na administração municipal.

No início os totens foram um sucesso. Em um ano, alcançaram 3,5 milhões de acessos, com os horários do sistema de transporte sendo o principal serviço consultado. Mas novamente a popularização dos smartphones fez com que a ideia se tornasse obsoleta. Atualmente, a maioria dos totens não funciona - em muitos, nem existem mais computadores . Para não dizer que as estruturas hoje são completamente inúteis, muitos deles também faziam parte do mobiliário urbano, portanto, ainda estampam publicidade na parte de trás da estrutura.

Torres do Farol do Saber

Torre do Farol do Saber eram para a Guarda Municipal monitorar a segurança da vizinhança. Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

O conceito de abrigar bibliotecas em escolas municipais ainda vale. Mas parte da estrutura, mais especificamente as torres, não têm mais utilidade, além de ser o símbolo da primeira gestão de Rafael Greca (PMN) à frente do município. Principal marca da prefeitura entre (1993-1996), a ideia do Farol do Saber era unir educação e segurança pública.

Pelo projeto original, um prédio abrigaria a biblioteca enquanto que um guarda municipal ficaria no topo da torre para acompanhar a movimentação no entorno da escola e garantir a segurança da comunidade escolar e vizinhança. Mas, por falta de efetivo e, principalmente, pela popularização de câmeras de vigilância, as torres se tornaram inoperantes do ponto de vista de segurança pública e, muitas vezes, são alvo de pichações. Em compensação, as bibliotecas continuam sendo bastante lembradas (e usadas) pelo curitibano.

Painéis de Mensagens Variáveis

Painéis de Mensagens Variáveis que estão inoperantes não têm previsão de voltar a funcionar. Daniel Caron/Gazeta do Povo

De promessa tecnológica a grandes “enfeites” do trânsito de Curitiba, mais da metade dos Painéis de Mensagens Variáveis (PMV) estão inoperantes. Em julho, apenas 14 dos 44 dispositivos espalhados por Curitiba estavam funcionando corretamente — número que corresponde a pouco mais de 31% do total, segundo dados da própria Secretaria Municipal de Trânsito (Setran).

Instalados inicialmente no início de 2012, esses painéis deveriam ser usados para informar motoristas sobre as condições do trânsito, alertar sobre eventos programados ou utilizados em campanhas educativas, mas o que os condutores encontram é algo bem diferente. Na maioria das vezes, eles estão simplesmente apagados, enquanto outros funcionam de maneira parcial, com letras distorcidas e textos ilegíveis.

Segundo a Setran, o problema é causado pela falta de manutenção dos equipamentos. O contrato com a empresa responsável pelo serviço encerrou em julho de 2015 e, ao longo dos últimos dois anos, não foi renovado por questões financeiras durante a gestão Gustavo Fruet, o que resultou em um acúmulo de problemas que fez com que muitos desses painéis deixassem de funcionar. No entanto, o governo Rafael Greca também não resolveu a situação. Segundo a secretaria, um novo processo já está sendo desenvolvido, mas há data para que isso saia do papel.

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