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| Foto: ATILA ALBERTI/Tribuna do Parana

As negociações em meio à rebelião na Casa de Custódia de Curitiba (CCC) parecem estar chegando ao fim. A perspectiva é de que o último dos cinco reféns retidos seja liberado na manhã desta quinta-feira (5), segundo o Departamento Penitenciário do Paraná (Depen). O refém restante segue, junto de 172 detentos amotinados, quase sem comida, energia elétrica ou fornecimento de água desde o último domingo (1), quando a rebelião começou - à exceção foi uma entrega de jantar e água nesta quarta-feira (4).

A remessa de mantimentos teria sido entregue ao longo da noite, conforme informações de Isabel Mendes, presidente do Conselho da Comunidade, órgão da Execução Penal que atua na integração de presidiários em Curitiba e Região Metropolitana. Antes disso, os amotinados e reféns estariam dividindo alimentos recebidos pelas últimas visitas de familiares, que aconteceu no domingo.

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A contrapartida dos negociadores, de acordo Omar Campos da Silva Junior, advogado de alguns dos presos, seria a transferência de sete detentos para a CCC. Todos eles têm ameaças de morte nos locais onde se encontram. Entre eles, um já chegou à Casa de Custódia na segunda-feira (2), dois aguardam alta de um complexo médico, e outros quatro estão em presídios de Piraquara, Francisco Beltrão e Ponta Grossa. Segundo a presidente do Conselho da Comunidade, o Depen está dando andamento às transferências.

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A rebelião na CCC começou no último domingo, e teve como motivo principal o pedido de transferência de presos do interior do Paraná. Eles seriam da facção “Máfia Paranaense”, e estariam jurados de morte pela organização criminosa paulista PCC (Primeiro Comando da Capital) – que controla os presídios onde os sete se encontram. “A CCC é um dos únicos lugares onde não há membros do PCC, o que significa que eles estariam seguros por aqui ”, explicou Omar Campos da Silva Junior, advogado de alguns dos presos, à Gazeta do Povo.

Na terça, a Gazeta do Povo apurou que a falta comida e água desde o início da rebelião agravaram a situação no local. Uma confusão dentro do complexo chegou a ser registrada em vídeo divulgado no início da noite de terça. As imagens mostravam os agentes sendo ameaçados pelos presos com armas brancas, e pelo menos um dos reféns apareceu com ferimentos no rosto.

Confusão em Piraquara

Um princípio de confusão chegou a acontecer também na Casa de Custódia de Piraquara (CCP), na tarde desta quarta-feira (4). Alguns detentos que se encontram nos chamados shelters (abrigos provisórios em contêineres na parte externa da CCP), tentaram fugir, o que gerou um tiroteio, segundo a Secretaria de Segurança Pública do Paraná. Mas a situação logo foi controlada pelos agentes e policiais militares que chegaram em seguida. Não se sabe o motivo da confusão ou se teria relação com o motim na CCC.

Casas de Custódia

As Casas de Custódia são locais de passagem para detentos - tanto para aqueles que estão em vias de entrar no sistema prisional, quanto para os que estão saindo. De acordo com estimava da presidente do Conselho da Comunidade, pelo menos 80% dos detentos desses locais encontram-se em prisão provisória, ou seja, ainda não passaram por julgamento e tampouco foram considerados culpados por seus crimes.

Em ambas as casas citadas nesta reportagem a situação é de superlotação, conforme Isabel. “Na de Curitiba, são cerca de 200 detentos além da capacidade ideal do local. Já na de Piraquara, só para se ter uma ideia, apenas nos shelters, que eram para ser locais provisórios, são 900 presos”, conta. Ela acrescenta ainda que os contêineres da CCP têm pouca ventilação e iluminação. Além disso, apesar da capacidade original ser de 12 pessoas, são sempre ocupados por 14, acrescenta.

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