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Foto de Ayrton Baptista
Foto: Arquivo da família.| Foto:

AEm grande parte, deve-se a Ayrton Baptista – morto em março aos 85 anos, vítima de câncer de pulmão – a regulamentação da profissão de jornalista, concretizada no final dos anos 1970, quando ele atuava como presidente da Federação Nacional dos Jornalistas. Apesar da exigência do diploma para o exercício da profissão ter sido derrubada em 2009, a conquista de Ayrton da valorização do ofício representou uma grande vitória para a classe profissional, algo que era almejado há muito tempo por quem vivia da notícia.

Culminaram para este legado a capacidade de negociação e o debate respeitoso, características do jornalista, que foi presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná por três mandatos, de 1970 a 1979. “Era alguém que sabia respeitar mesmo na discordância. Lembrava sempre que representávamos a categoria, independente de tendências políticas ou partidos”, relata o também jornalista e ex-presidente do Sindicato, Desidério Peron, que destaca que, após a regulamentação, a formação acadêmica ganhou mais valor.

Ayrton foi secretário de imprensa do governo do Paraná nos mandatos de Haroldo Leon Peres (1971) e de Pedro Viriato Parigot de Souza (1971/1973). Lecionou no curso de Comunicação Social-Jornalismo da Universidade Federal do Paraná, em uma época em que o conhecimento dos professores vinha, em grande parte, diretamente da prática jornalística nas redações.

Colunista político de veículos paranaenses como a Tribuna do Paraná, Diário Indústria e Comércio, O Paraná, entre diversos outros, iniciou a carreira de jornalista em 1955, no Diário do Paraná. Entre as diversas funções que exerceu no jornal estava a de secretário de redação. E mesmo quando já estava fora da equipe, não deixava de comprar e de ler a publicação da qual foi um dos grandes nomes e que fazia parte da cadeira de Assis Chateaubriand, os Diários Associados.

Não largava os jornais nem nos feriados. Mesmo quando passava tempo com a família na praia, comprava três jornais diários. Gostava de ler os de Curitiba e o Jornal do Brasil. Vivia a notícia a todo momento e em casa o jornal foi sempre material farto. Fato que influenciou na escolha profissional do filho, Ayrton Bapstista Jr, que é jornalista da rádio CBN em Curitiba e conta que sem televisão em Caiobá, em 1976, a distração da família era ouvir A Voz do Brasil, ideia do pai.

Desde cedo testava o tino jornalístico do filho. Em uma noite em 1979, Ayrton não conseguiu assistir ao Jornal Nacional. Pediu então que o filho anotasse os principais acontecimentos. “Devo ter caprichado. Fiz uma linha para cada assunto. Ele elogiou a noite inteira”, relembra Ayrton Jr.

O jornalista que também teve experiência em assessoria de imprensa, comandando o escritório AB Comunicação, gostava de contar histórias da vida corrida na redação. Como na decisão da Copa do Mundo de 1958, que exigiu rapidez na atualização da capa da edição especial preparada pelo Diário do Paraná. Ela continha uma ilustração dos titulares, mas não contava com uma alteração repentina na escalação: entrava Djalma Santos e saía Nilton De Sordi. Depois de caçar o ilustrador em uma época em que não existia celular, foi publicada a goleada do Brasil na Suécia por 5 a 2. Os próprios jornalistas saíram para a Rua XV de Novembro vender os exemplares e depois comemorar o título.

Ayrton Baptista deixa esposa, três filhos e três netos.

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