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A médica veterinária Claudia Terzian com a cachorrinha Periguete, resgatado de um terminal de ônibus em Curitiba. | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
A médica veterinária Claudia Terzian com a cachorrinha Periguete, resgatado de um terminal de ônibus em Curitiba.| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Cães, gatos, cavalos, jumentos, coelhos, galos de rinha e vários outros animais domésticos vítimas de maus-tratos e abandono têm no Centro de Referência para Animais em Situação de Risco (CRAR), em Curitiba, um local em que são tratados com dignidade e carinho. A unidade, que faz parte da Divisão de Monitoramento e Proteção Animal do Zoológico de Curitiba, apesar de ter poucas vagas e estar lotada faz o acolhimento desses bichinhos e os prepara para a adoção.

Mas o Centro não recolhe animais de rua e nem acolhe aqueles trazidos por cidadãos. Atualmente, moram ali 31 cães, 7 gatos e 21 coelhos. E não há espaço para mais hóspedes. “Esta é uma casa de passagem, onde recebemos animais vítimas de maus-tratos, que estavam em posse de acumuladores ou animais que foram apreendidos”, explica a médica veterinária Claudia Terzian.

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Animais machucados ou doentes recolhidos pela prefeitura em terminais de ônibus, por exemplo são trazidos para o CRAR, tratados e devolvidos a esses locais. Com exceção dos cães que mordem. É o caso da Periguete, retirada do Terminal do Bairro Alto por ter mordido algumas pessoas. Ela está ali há 1 ano esperando pela adoção. “Aqui ela não ataca ninguém. Com quem conhece, é um amor. Mas é uma ótima cachorra para montar guarda, porque late para estranhos”, comenta Claudia.

O Centro também não faz tratamento veterinário gratuito, apenas quando promove algumas ações organizadas junto com ONGs e outras instituições. Animais com doenças contagiosas também não entram ali, isso porque podem trazer problemas para os outros animais. Na sede, são feitas apenas ações de baixa complexidade, como limpeza de ferimentos, vacinas e curativos. Para casos de cirurgias ou internamentos são acionadas clínicas veterinárias parceiras, que têm melhores condições de realizar esses procedimentos.

Perfil dos hóspedes

O perfil dos hóspedes da casa de passagem é de bichinhos retirados de situações em que eram mantidos sem água e comida e em locais repletos de fezes e urina. Ou então de animais que viviam acorrentados sob sol e chuva, vítimas de agressões ou ainda que foram atropelados.

Claudia conta que no dia a dia a equipe se depara com situações difíceis, de muito sofrimento, tanto para os animais quando para os seus donos. Em um caso de resgate feito no bairro Uberaba, os profissionais foram acionados para resgatar 90 cães em uma casa onde a dona, uma senhora idosa, havia sofrido um derrame. O marido dela, por sua vez, estava em estado terminal e quem cuidava dos animais e da senhora era o filho do casal, que sofria de síndrome do pânico. Nessas situações, a parceria com ONGs é fundamental, afirma Claudia. Através delas é possível conseguir promover as adoções dos bichinhos.

Além das poucas vagas, a equipe do Centro tem de fazer uma verdadeira manobra para distribuir os animais nas gaiolas conforme o perfi de cada um, especialmente os cachorros. Muitos não se dão com os outros, alguns são mais quietinhos e outros, mais agitados. Uns são grandes, outros são pequenos, e por aí vai. “Em posso ter situações como de um pitbull que pode matar outros cães. Às vezes tenho um cão que não deixa o outro comer. Já em outra cela, posso ter quatro cachorros que convivem tranquilamente”, exemplifica Claudia.

O perfil do animal também avaliado na hora de oferecê-lo para adoção. Um que tenha histórico de mordedura e é de grande porte, por exemplo, não é recomendado para residências com crianças. “É importante que o temperamento do cão se adapte ao estilo da pessoa que vai adotar”, pontua a veterinária. A equipe também passa aos futuros donos orientações sobre como tratar os animais adotados.

Todos os bichos que passam pelo CRAR são castrados, vacinados e microchipados. A ideia é incentivar a posse responsável sobre o animal. Neste ano, foram realizadas 68 adoções – ante 90 realizadas no ano passado. Claudia atribui a redução à crise econômica que o país vive. E que fica pior no fim do ano, quando normalmente há um aumento do número de animais abandonados. A veterinária estima que 97% dos cães que estão na rua hoje são por esse motivo.

Serviço:

Centro de Referência para Animais em Situação de Risco (Rua Lodovico Kaminski, 1.381, Cidade Industrial de Curitiba). Funciona de segunda a domingo das 9h às 12h e das 13h30 às 15h30. Mais informações pela Central 156.

  • Periguete – é amorosa com quem conhece, mas pode ser arisca com desconhecidos. Uma boa pedida para quem precisa de um cão de guarda.
  • Rajado – é agitado e brincalhão. Recomendado para quem tem espaço no quintal e gosta de um cão arteiro.
  • Bernardo - grandão e carinhoso. Bom para montar guarda também.
  • Ginger - mesmo com essa cara de “tô nem aí” é muito amorosa e tranquila.
  • Leka - é pequenina e brincalhona. Olha só que gracinha, mostrando a patinha!
  • Neguinho - de porte mediano, é bastante brincalhão e convive bem com outros cães.
  • Tigre - com uma pelagem bem incomum é bastante carinhoso.
  • Otto - pequenininho, gosta de ficar na dele.
  • Amon - é o único pitbull atualmente do CRAS. A pelagem branca chama bastante atenção.
  • Princesa - pequenina e faceira. É mesmo uma princesa.

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