• Carregando...
 | Arquivo/TRIBUNA DO PARANA
| Foto: Arquivo/TRIBUNA DO PARANA

Odiada e temida por boa parte dos motoristas, a lombada eletrônica é um produto tipicamente curitibano. Pouca gente sabe, mas o primeiro equipamento do tipo em todo o mundo foi instalado na capital paranaense — mais precisamente na Rua Francisco Derosso, no bairro Xaxim —, em 1992, e funciona até hoje no mesmo ponto.

E, como toda história de origem, a criação da lombada eletrônica também é rodeada de versões. De acordo com a Perkons, empresa responsável pelo projeto, o equipamento foi idealizado pelo engenheiro eletricista Donald Schause em parceria com o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC), que ficou responsável pelo design da lombada. E foi o arquiteto curitibano Osvaldo Navarro, que trabalhava no órgão municipal, quem fez o visual que todos conhecem.

Leia também: Bondinho sobre trilhos pode voltar a circular pelo Centro de Curitiba

Contudo, o próprio Navarro conta uma história um pouco diferente. Hoje com 74 anos, ele diz que apresentou a ideia para Schause, de quem era amigo e que entendia muito de eletrônica e computação, e os dois criaram a lombada eletrônica que todos conhecem.

Independente de quem tenha sido o pai da ideia, a verdade é que os equipamentos rapidamente se espalharam por Curitiba e não demorou para chegarem a outras cidades. Segundo o arquiteto, a proposta era fazer algo mais completo que os radares convencionais. “Eu queria que fosse algo mais preciso, que registrasse com mais precisão a velocidade, a placa, quantos carros passam por ali”, relembra. “Além disto, eu quis criar algo que fizesse parte do mobiliário urbano, que fosse uma marca da cidade”.

A única exigência apresentada por Navarro era que a lombada eletrônica tinha que ser bonita. Para isso, ele estabeleceu algumas diretrizes: o motorista tinha que ver claramente as luzes quando passasse pela estrutura. Se a luz ficasse verde, ele estava na velocidade permitida — caso contrário, ficaria vermelha. Além disso, diferentemente de outros radares, ele traria um visor com a velocidade registrada e uma luz amarela piscando constantemente para que o condutor visse o equipamento de longe.

Resultados rápidos

Conforme a empresa Perkons, que é de propriedade de Schause e que desde aquela época fabrica as lombadas, o número de infrações registradas pelos equipamentos diminui em média 70% após o primeiro ano de implantação. E o Detran-PR também verificou que, sete anos após a implantação dos equipamentos, os acidentes reduziram 40% na capital paranaense. Outra pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec-Rio), diz a Perkons, concluiu que cada lombada evita cerca de três mortes e 34 acidentes por ano. E agora, que os curitibanos estão habituados à filosofia educacional dos equipamentos, o índice de respeito à velocidade nos trechos fiscalizados é de 99,93%.

Veja também: Curitiba ganha mercado com proposta gourmet

“No começo era difícil as pessoas entenderem o caráter educativo da lombada eletrônica. Diziam que era a máquina caça-níquel da prefeitura. Mas depois as pessoas foram entendendo a importância de reduzir a velocidade”, explica o arquiteto.

De acordo Navarro, a invenção dele e de Schause ainda não existia em lugar nenhum do mundo e, portanto, a lombada eletrônica de Curitiba foi a primeira do mundo inteiro. Hoje, o equipamento é usado em larga escala no mundo todo.

Multas

Arquiteto Osvaldo Navarro é um dos criadores da lombadaFelipe Rosa/TRIBUNA DO PARANA

A lombada eletrônica da Rua Francisco Derosso foi instalada no dia 20 de agosto de 1992 e segue firme e forte fiscalizando a velocidade dos motoristas. No entanto, Navarro diz que uma outra foi instalada meses antes para testes, na Rua Mateus Leme, no bairro São Lourenço. “Instalamos e ficamos meses testando, ver se funcionava corretamente, se fazia a contagem dos veículos, se o povo estava aprovando”, conta. “Só depois é que foi colocada a da Francisco Derosso. E lá na Derosso era engraçado, porque o povo ficava na calçada vaiando quem passava”, relembra o arquiteto.

De acordo com Navarro, quando o projeto foi apresentado ao Detran, a informação foi de que a lombada não poderia multar ninguém, porque não havia nada na lei que previsse multas emitidas por equipamentos eletrônicos. “Até então, eram multas no papel, que o guardinha deixava no vidro do carro da pessoa. A lombada ou radar só poderia multar se a lei fosse modificada. Então colocamos o projeto debaixo do braço e fomos para Brasília”, conta o arquiteto, que mostrou o projeto e todos os estudos feitos ao Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) e ao Conselho Nacional de Trânsito (Contran). “O Denatran aprovou, o Contran regulamentou e a lei foi modificada, prevendo a multa por equipamentos eletrônicos. Era algo inédito”, orgulha-se.

Para o arquiteto, a lombada eletrônica tem muitas vantagens em relação à lombada física. “Gasta menos combustível, desgasta menos o carro, melhora o fluxo no trânsito e evita acidentes. Se a lombada não está bem sinalizada, o motorista não enxerga e freia em cima, derrapa, pode causar engavetamentos. Como a eletrônica tem a luz amarela piscando, está sempre bem sinalizada e visível ao motorista”, analisa.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]