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Confusão teve faixas em chamas e troca de xingamentos, empurrões e socos | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Confusão teve faixas em chamas e troca de xingamentos, empurrões e socos| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Cerca de 100 pessoas se reuniram em frente à Câmara Municipal de Curitiba em atos a favor e contra o projeto da Escola Sem Partido na manhã desta terça-feira (15). As manifestações foram organizadas pelas redes sociais. Apoiadores do Movimento Brasil Livre (MBL) e Acampamento Lava Jato se manifestaram a favor do projeto de lei que visa regular os conteúdos aplicados em sala de aula. Estudantes de colégios públicos e o movimento CWB Resiste bradaram contra a proposta.

Ao se encontrarem, por volta das 9h30, os dois grupos trocaram xingamentos e houve um princípio de confusão entre membros das duas frentes depois que algumas bandeiras foram queimadas. Três pessoas foram identificadas pela Polícia Militar (PM) e assinaram termos circunstanciados no local: um menor e um professor de 44 anos, pelo movimento contrário, e um professor da rede municipal pelo Escola Sem Partido - ele teria passado a mão nos seios de duas menores durante o tumulto.

- Vídeo - manifestantes brigam em frente à Câmara de Curitiba.

A PM acompanhou os protestos à distância. A Guarda Municipal resguardou a entrada da Câmara, cuja sessão não foi alterada por causa dos atos.

Os grupos chegaram a ser divididos na escadaria da Câmara para evitar novos confrontos, mas a todo momento eles mudavam de posição para encontrar espaço para as bandeiras. Os manifestantes gritaram palavras de ordem durante todo o ato, que se encerrou por volta das 11h30. Carros de som das duas manifestações ajudaram a dar palco para as insatisfações.

O ato a favor do Escola Sem Partido foi organizado pelo grupo Movimento Brasil Livre e teve início na Boca Maldita, na região central da cidade. Os manifestantes foram até o prédio da Associação Comercial do Paraná (ACP) para receber uma carta de apoio. O grupo seguiu em caminhada pela Rua XV de Novembro em direção à Câmara. Em determinado ponto do trajeto, eles se encontraram com estudantes do Colégio Estadual do Paraná e houve uma troca de gritos e xingamentos.

Lucas Gonçalves, 19 anos, estudante de Gestão Pública da Unespar, em Paranaguá, subiu a serra apenas para participar do ato. “É um projeto emergencial. Nós lutamos contra a doutrinação de comportamento nas escolas públicas. Quem não segue o que a maioria impõe é perseguidos nas escolas. O projeto prevê que pais e alunos tenham mais acesso aos seus direitos”, afirma. Ele estava com uma camiseta do MBL.

Já a professora de educação física Ana Maria, das escolas estaduais Santo Agostinho e Iara Bergmann, é contra a proposta. “Nós temos que lutar pelo pensamento crítico. Precisamos apresentar um cenário completo para os alunos. Não se trata de ideologias. Eles têm que se preparar para escolher qualquer caminho no futuro, direita ou esquerda”, afirma. Segundo a educadora, a proposta vai de encontro à reforma do Ensino Médio, que “limita o ensino de História nas escolas”.

Alguns vereadores também acompanharam o protesto à distância, como é o caso de Goura (PDT), que diz acreditar que o texto subestima os jovens. “Escola tem que ser palco de questionamentos, de filosofia. Na semana passada o prefeito veio aqui e disse da inocência das crianças. Esse projeto não separa Estado de Igreja”, aponta o parlamentar.

Opinião parecida tem a Professora Josete (PT). “Entendo que ele é um projeto que amordaça os alunos e os profissionais da educação. Nós já temos uma regulamentação em relação ao conteúdo, assim como temos o poder de cátedra enquanto profissionais da educação. Trata os profissionais como se fossem pessoas completamente irresponsáveis”, afirma.

Autor da proposta, o vereador Thiago Ferro (PSDB) diz que o projeto tem intuito de esclarecer medidas que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e a Constituição Federal já aplicam. “A escola não pode ter doutrinação, influência de um lado ou outro, buscar a imparcialidade. A escola, ao ensinar alguns temas,e aí eu cito o tripé principal do projeto, política, religião e sexualidade, precisa dar todas as possibilidades para os alunos escolherem. A grande maioria não tem essa dificuldade, mas pontualmente temos denúncias de que algumas escolas têm desviado o propósito”, destaca.

Os apoiadores da proposta ainda defendem que a escola não deve ser palco de militância. “O que estamos vendo aqui são jovens com os rostos cobertos como se fossem bandidos, mas não são. São idealistas e estão sendo ensinados de forma errada nas escolas”, aponta Éder Borges, 34, coordenador do MBL em Curitiba.

O projeto tramita nas comissões da Casa. Na justificativa, o texto aponta que “professores e autores de livros didáticos vêm-se utilizando de suas obras para tentar obter a adesão dos estudantes a determinadas correntes políticas e ideológicas”. “O professor não fará propaganda político-partidária em sala de aula nem incitará seus alunos a participar de manifestações, atos públicos e passeatas”, diz um trecho da proposta.

Um dos artigos prevê que o poder público não se envolverá na orientação sexual dos alunos, nem permitirá qualquer prática capaz de comprometer o desenvolvimento de sua personalidade – em harmonia com a respectiva identidade biológica de sexo, “sendo vedada, especialmente, a aplicação de postulados da teoria ou ideologia de gênero”.

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