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Um estudo recente mostra que, dos 11 rios que atravessam Curitiba e região metropolitana, apenas o rio Itaqui, em São José dos Pinhais, está em boas condições ambientais.
Um estudo recente mostra que, dos 11 rios que atravessam Curitiba e região metropolitana, apenas o rio Itaqui, em São José dos Pinhais, está em boas condições ambientais.| Foto: Pedro Serapio/ Arquivo Gazeta do Povo

Curitiba tem um dos melhores indicadores de esgotamento sanitário do país. Atualmente, 98% da população tem acesso à rede coletora de esgoto e 100% do que é coletado recebe tratamento, segundo a Sanepar, que é a companhia contratada pelo município para a manutenção do sistema. Um novo ranking de saneamento do Instituto Trata Brasil classificou Curitiba com o segundo melhor desempenho entre as capitais brasileiras, atrás apenas de São Paulo. Contudo, um estudo recente feito pela ONG SOS Mata Atlântica mostra que, dos 11 rios que atravessam Curitiba e região metropolitana, apenas o rio Itaqui, em São José dos Pinhais, está em boas condições ambientais.

O rio Belém foi apontado como o mais poluído, com nível elevado de mau cheiro e erosão. Outro aspecto destacado pela pesquisa foi a margem sem preservação de mata ciliar. A vegetação serve como um filtro da água e, sem ela, a poluição se espalha mais pelo corpo hídrico. Entre as más condições dos rios da capital e região, estão também sedimentos com solos contaminados, além de escoamento de poluentes, presença de resíduos sólidos ou lixo e foligem de veículos.

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Na avaliação do professor do departamento de hidráulica e saneamento da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Cristóvão Fernandes, o tratamento ainda não é o mais adequado em Curitiba e região e a prova disso está na qualidade dos rios. “Nós temos que assumir que é uma região crítica. Os rios têm sinal de poluição, mas já é produzido um resultado de controle e estabilidade”. A qualidade da água, de acordo com o professor, é afetada por uma poluição difusa. Parte dela vem da atividade industrial, por exemplo.

O diretor de Recursos Hídricos da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Ibson Gabriel Martins de Campos, aponta que essa poluição difusa também vem do desgaste de pneus na via pública, de resíduos de terra e do lixo descartado pelas pessoas nas ruas, que passa pelas canalizações e chega até os rios. Hábitos cotidianos também geram efluentes. Exemplo disso é a lavagem de carros e calçadas com uso de sabão em pó, detergente e outros produtos químicos. “Esse material é carregado para o sistema de drenagem e vai parar no corpo hídrico”, explica Campos.

Despejo clandestino colabora para aumento da poluição

Quando o assunto é poluição dos rios, existe outro vilão frequentemente citado por especialistas: o despejo clandestino. Segundo a professora do setor de Meio Ambiente da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Tamara van Kaick, a falta de cuidado com o descarte de sobras de reformas nas residências é uma das principais responsáveis pela poluição dos rios que passam pela capital paranaense.

"A maior parte das reformas que são feitas nas casas não precisa ser informada à prefeitura, porque são relativamente pequenas. Normalmente acontecem no banheiro, na lavanderia ou na cozinha, onde ficam os pontos de água. A poluição começa aí", diz a professora. Além disso, ela destaca que as pessoas costumam jogar grandes sobras das obras diretamente nos rios. "Então somos nós, a população, que, quando faz esse tipo de reforma, acaba contribuindo com o esgoto clandestino, contaminando os rios da cidade", completa.

O que fazer para dar destinação correta a resíduos

Para a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, além de atingir uma cobertura ainda maior da rede de esgotos e tratamento em Curitiba e região, é necessário manter uma política de conscientização na cidade. Solicitando por telefone, no número 156, a prefeitura faz a coleta de resíduos vegetais e de pequenas quantidades de resíduos de construção civil. “Também temos ecopontos instalados na cidade para receber diferentes tipos de lixo. Isso tudo para que as pessoas descartem no local correto e a gente dê a destinação correta para isso”, reforça o diretor Ibson de Campos.

A Sanepar, que é responsável pela implantação do plano diretor de esgotos na capital, reforça que o uso inadequado da rede de esgoto pode causar obstrução da tubulação e extravasamento, podendo haver refluxo no imóvel ou no meio ambiente. De acordo com a companhia de saneamento, a população deve fazer a ligação correta do imóvel à rede coletora de esgoto. "Devem estar ligadas à rede tubulações do banheiro, da cozinha e do tanque. A água da chuva precisa ser destinada à galeria pluvial", diz a empresa, em nota.

A Sanepar também diz que é imprescindível usar corretamente a rede de esgoto, que foi projetada para receber a água usada que desce pela tubulação das pias, tanque e vaso sanitário. Outros materiais, como papel higiênico, fio dental, fralda e demais rejeitos, devem ser jogados no lixo. A Sanepar lembra ainda que o óleo de cozinha deve ser destinado para reaproveitamento e jamais lançado na rede de esgoto.

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