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 | Gerson Klaina/Tribuna do Paraná
| Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná

Sem acordo após mais de dois dias de rebelião, 172 presos seguem amotinados na Casa de Custódia de Curitiba (CCC) e fazem reféns quatros agentes penitenciários. Falta comida e água desde o início da rebelião, no último domingo (1) – o que só foi divulgado nesta terça-feira (3) –, e essa questão agravou a situação no local. Uma confusão dentro do complexo foi registrada em vídeo divulgado no início da noite desta terça. As imagens mostram os agentes sendo ameaçados pelos detentos com armas brancas, e pelo menos um dos reféns aparece com ferimentos no rosto.

A falta de mantimentos foi confirmada à Gazeta do Povo por Isabel Mendes, presidente do Conselho da Comunidade, órgão da Execução Penal que atua para assegurar direitos da população carcerária e na reinserção dessas pessoas em Curitiba e Região Metropolitana. O Departamento Penitenciário do Paraná (Depen) e a Secretaria de Segurança Pública (Sesp) não se posicionaram sobre essa situação.

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De acordo com Isabel, o travamento das negociações entre as partes, bem como a escassez de alimentos e água pode ter sido o que levou os detentos a gravarem o vídeo. “Há pessoas com mais idade que estão passando mal, desmaiando e tendo tonturas ali dentro, isso gera uma tensão muito grande”, relata a presidente. Na segunda-feira (2), o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindarspen), Ricardo de Carvalho Miranda, chegou a afirmar que os reféns estavam bem fisicamente, mas abalados psicologicamente - situação que parece ter se agravado nesta terça.

Segundo o Depen, as negociações com os detentos da unidade foram interrompidas por volta das 16h, e serão retomadas na manhã de quarta-feira (4). O departamento acrescenta que negociadores do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) e unidade de elite da Polícia Militar estão em contato permanente com os detidos.

Entenda o caso

O motim na CCC começou no início da noite de domingo (1), quando cinco agentes foram feitos reféns - um deles chegou a ser liberado logo no começo da rebelião.

Em entrevista a Tribuna do Paraná na última segunda-feira (2), o capitão da Polícia Militar, Márcio Roberto da Silveira, informou que a principal reivindicação dos rebelados é a transferência de sete presos da facção “Máfia Paranaense” de prisões do interior do Estado, controladas pela organização criminosa paulista PCC (Primeiro Comando da Capital) – para a Casa de Custódia.

“A urgência desses detentos em conseguir a transferência dos outros existe porque todos eles são jurados de morte por facções. A CCC é um dos únicos lugares onde não há membros dessas facções”, explicou Omar Campos da Silva Junior, advogado de alguns dos presos, à Gazeta do Povo.

Um princípio de tumulto chegou a ser registrado na tarde de segunda-feira, quando um dos presos telefonou para a esposa, que estava do lado de fora do CCC. “Estão ameaçando os presos. Se não entregar, eles vão entrar e matar todo mundo”, disse o detento ao Paraná TV 2.ª edição, da RPC, na própria segunda-feira. Sobre a possibilidade de uma invasão policial, porém, o presidente do Sindarspen afirma que representantes dos Direitos Humanos da OAB e advogados dos presos acompanham o caso na CCC, o que ajuda a controlar a situação.

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