Os executivos da Nintendo estão atravessando uma fase dourada, daquelas só experimentadas no mundo corporativo após uma aposta ousada que dá muito, mas muito, certo. Essa tacada certeira tem um nome: Wii. O console lançado há oito meses devolveu à companhia japonesa o título de toda-poderosa no mundo dos games. O posto que foi ocupado pela norte-americana Atari nos primórdios do entretenimento eletrônico vinha sendo dominado recentemente pela Sony e sua mais que bem-sucedida família PlayStation. Durante a última década, a Nintendo teve de se contentar com o papel de coadjuvante no segmento. Uma experiência nada fácil para a empresa responsável por criar a série de jogos Super Mario Bros., a mais vendida de todos os tempos (68 milhões de cópias) segundo o Guinness Book.
A constatação de que o encanador Mario e seu irmão Luigi os personagens centrais da franquia Super Mario estão de volta ao topo do mundo veio há duas semanas, na última edição da Electronic Entertainment Expo (E3), a maior feira de jogos eletrônicos do planeta, ocorrida na Califórnia. Enquanto a Sony e a Microsoft se esforçavam para chamar a atenção no evento com uma nova versão do PSP, o PlayStation portátil, e o novo game Halo 3 para o console Xbox 360, respectivamente , a Nintendo ganhou as manchetes ao mostrar que a interação do jogador com o videogame vai evoluir muito nos próximos anos.
Não há exagero algum em dizer que o Nintendo Wii apresentou ao mercado um novo "conceito de jogar". Na estréia do console, em novembro passado, o que mais chamou a atenção de especialistas e consumidores foi o controle. O jogador do Wii pode utilizar uma única mão para manuseá-lo. Além disso, o joypad responde aos movimentos físicos do gamer, podendo ser manipulado como uma espada, um taco de golfe ou uma raquete de tênis. "O Wii é muito divertido por causa do jeito de jogar", conta o estudante de Direito Fernando Sobrinho, 20 anos, que comprou um Wii há dois meses e desde então vem se divertindo com os títulos Wii Sports, Tiger Woods PGA Tour 07 e Mario Party 8. Sobrinho também possui um PlayStation 3 (PS3) e é categórico quando o assunto é qualidade dos gráficos: "Não tem comparação, o PS3 é muito superior".
O lançamento do Wii foi arriscado exatamente por não se basear em uma grande evolução tecnológica, como os concorrentes Xbox e PlayStation (leia ao lado). Em vez disso, a Nintendo procurou colocar o máximo de diversão em uma máquina de custo relativamente baixo. Só no Japão, o maior mercado de entretenimento eletrônico do mundo, a empresa comercializou desde o último mês de dezembro mais de 3 milhões de unidades do Wii, o triplo do PS3, que somente na última quarta-feira conseguiu ultrapassar a marca de 1 milhão de unidades vendidas no país. Como conseqüência, as grandes desenvolvedoras e distribuidoras de games como as americanas Activision e Electronic Arts, a francesa Ubisoft e até a japonesa Sega (ex-rival da Nintendo) estão mais concentradas em jogos para Wii do que nunca.
Banda divertida
Um mês atrás Diogo Fernandes, baterista da banda de rock curitibana Gentileza, convenceu o vocalista Heitor e os demais integrantes do grupo a comprarem um Wii em conjunto. "Sempre fui fã da Nintendo, desde o Nintendinho [o NES, ou Nintendo Entertainment System, console lançado originalmente em 1985]. Tive o Super NES [de 1991], o Nintendo 64 [1996] e até o GameCube [2001]", conta Fernandes. Hoje, entre um ensaio e outro, Heitor e Banda Gentileza ficam em frente à tevê jogando Wii Sports e Mario Party. "Não tenho muita paciência com jogo sério", o baterista, sem perceber que numa só expressão resumiu o segredo do sucesso do Wii.
-
“America Great Again”: o que pode acontecer com o Brasil se Trump vencer a eleição
-
Fugitivos: traficantes defendem “saidinhas” e Marina Silva foge de falar das queimadas
-
Jornalista dos Twitter Files Brazil prestará depoimento na Câmara dos EUA na terça (7)
-
Israel compara protestos em universidade à Noite dos Cristais nazista
“America Great Again”: o que pode acontecer com o Brasil se Trump vencer a eleição
Interferência de Lula no setor privado piora ambiente de negócios do país
“Dobradinha” de governo e STF por imposto na folha prejudica empresas e amplia insegurança
Contas de Lula, EUA e mais: as razões que podem fazer o BC frear a queda dos juros
Deixe sua opinião