Estragos causados pelo acidente na unidade U-2100: produção paralisada| Foto: Divulgação/Fiat

Informação

Petrobras não esclarece questionamentos

Vários questionamentos feitos à Petrobras desde o dia do acidente continuam sem resposta. A empresa, que só tem se pronunciado por meio de notas, não disse, por exemplo, se a Repar possui um volume de estoque de combustíveis capaz de amenizar a situação do abastecimento de alguns derivados e se as demais refinarias poderiam, de alguma forma, compensar a produção interrompida na Repar. Além disso, não informou se a produção nas demais unidades da Repar foi totalmente interrompida ou se elas continuam operando, porém, em menor carga. Desde o dia do acidente, na quinta-feira passada, a Petrobras apenas emitiu notas em que afirma que a paralisação da unidade não afeta o abastecimento ao mercado e que não ocorreram explosões, mas apenas um incêndio que foi controlado logo no início.

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Não está totalmente descar­tado o risco de desabastecimento de combustíveis nos estados do Paraná, Santa Ca­tarina e Mato Grosso do Sul em consequência da ex­plosão que comprometeu o funcionamento da Unidade de Destilação (U-2100) da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, na quinta-feira passada.

Apesar de a Petrobras afirmar, em nota, que o acidente não afetará o abastecimento, a empresa não explicou o que pretende fazer para compensar a paralisação da maior refinaria do Sul do país, que responde por 12% da produção brasileira de derivados de petróleo. Segundo o Sindicato dos Petroleiros do Paraná e Santa Catarina (Sindipetro PR/SC), são refinados aproximadamente 35 mil metros cúbicos de petróleo por dia na Repar.

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Segundo especialistas, tudo vai depender do tempo necessário para que a unidade volte a funcionar, informação ainda não fornecida pela Petrobras. Paralisada há cinco dias, a Unidade de Destilação Atmosférica (U-2100) concentra a primeira fase do processo de refino do petróleo bruto e é responsável pelo abastecimento das demais unidades.

De acordo com Anselmo Ruosso Júnior, diretor do Sindipetro PR/SC, a paralisação deve durar, no mínimo, mais 20 dias. "Eles trouxeram bastante gente para ajudar na recuperação da unidade", diz. Ontem, no entanto, a Superintendência Regional do Trabalho (SRT/MTE), interditou os serviços de recuperação da área de Destilação a Vácuo, após confirmação de risco de desabamento das estruturas metálicas. A retomada dos trabalhos está sujeita à melhoria das condições de segurança do local. De acordo com o Sindipetro, 300 funcionários trabalham na recuperação da unidade.

O caminho mais provável para evitar o desabastecimento é o aumento da importação de petróleo e derivados, que chegou a US$ 4,2 bilhões em outubro, registrando um aumento de 82% em relação a outubro de 2012. "Certamente a Petrobras tem programas de contingenciamento, mas também está no limite da sua capacidade de importação, principalmente em uma situação de emergência como esta", diz Marcelo Colomer Ferraro, especialista em Petróleo e Gás, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Não é novidade que as 12 refinarias da Petrobras operam no limite da sua capacidade e não teriam condições de compensar a paralisação da Repar, diz Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). "Im­portar é a solução momentânea, mas o problema está na infraestrutura deficiente e na capacidade limitada dos terminais de importação da empresa, que também estão com a capacidade esgotada, fato que pode elevar o risco de desabastecimento", diz.

Sobrecarga do Tepar preocupa sindicato dos petroleiros

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A preocupação com as condições se segurança no Terminal Aquaviário de Paranaguá (Tepar) levou o Sindipetro-PR-SC a encaminhar um documento à Petrobras pedindo uma análise de risco em função da sobrecarga do Tepar. Segundo o presidente do Sindipetro-PR-SC, Silvaney Bernardi, a unidade de Paranaguá passava por uma manutenção que foi interrompida para garantir o abastecimento de combustíveis por conta da paralisação da Repar. O documento elenca uma série de questões que poderiam comprometer a segurança dos trabalhadores e que são agravadas com a sobrecarga de movimentação de derivados de petróleo no terminal como, por exemplo, o sucateamento do sistema de combate a incêndio; a ausência de um plano de contingência e socorro a múltiplas vítimas; e pendências críticas na área de GLP e caldeiras.