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Veja: pesquisa capturou aumento do índice de desemprego em 2009 |
Veja: pesquisa capturou aumento do índice de desemprego em 2009| Foto:

Remuneração

Renda evolui, mas abaixo de 1996

Em ascensão desde 2005, a renda do trabalhador brasileiro ainda fica abaixo do patamar observado há 14 anos. O ganho médio de R$ 1.106 medido pela Pnad significou um avanço de 2,2% em relação a 2008. Na última década, o valor mais alto registrado foi de R$ 1.144 em 1996. Nos últimos 30 anos, a melhor remuneração do trabalhador brasileiro ocorreu em 1986, quando chegou a R$ 1.238.

O IBGE só passou a medir a renda do país inteiro em 2004. Até então, a pesquisa excluía a área rural da região Norte. Para Marcia Quintslr, coordenadora da pesquisa, o aumento da oferta de crédito e o preço menor dos bens de consumo contribuíram para aumentar o poder de compra mesmo sem recuperação integral do rendimento.

Nos anos 90, a renda do trabalho foi impulsionada pelos ganhos obtidos com a estabilização da economia no Plano Real, mas as crises asiática e russa na segunda metade da década contribuíram para a queda no rendimento. Mesmo após ajustes na economia, a renda só voltou a crescer em 2005.

Desigualdade

A desigualdade no país continuou em queda, embora em ritmo mais lento do que o de anos anteriores. O índice de Gini, que mede o grau de concentração da renda, passou de 0,521 para 0,518. O indicador varia de zero a um. Quanto mais próximo de um, maior o grau de desigualdade.

Na prática, os 10% mais ricos (renda média de R$ 4.702) detêm 42,5% do total de rendimentos no país. Já os 10% mais pobres (renda de R$ 127) representam 1,2% dos rendimentos.

Os efeitos da crise no mercado de trabalho foram maiores do que se propagava, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). De 2008 para 2009, 1,4 milhão de pessoas a mais passaram a procurar emprego. Ainda assim, a pesquisa, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), reservou uma surpresa positiva ao mostrar que o índice de formalidade entre os empregados continuou em trajetória ascendente: no período, houve alta de 1,5% no número de trabalhadores com carteira assinada no país.Ao todo, o Brasil contava com 8,4 milhões de desempregados no ano passado, aumento de 18,5% em relação a 2008. Trata-se da maior variação desde o início da série histórica, em 2001. Assim, a taxa de desemprego em 2009, segundo a pesquisa, foi de 8,3%. Em 2008, havia ficado em 7,1%. O avanço interrompeu três quedas seguidas, observadas desde 2006.

Metodologia

As informações sobre desemprego divulgadas periodicamente pelo instituto, por meio da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), não sinalizavam grande variação na taxa. Em 2008, a taxa média de desemprego foi de 7,9%, avançando para 8,1% no ano seguinte.

A variação de 0,2 p.p. (pontos porcentuais) na PME, menos significativa do que a alta de 1,2 p.p identificada na pesquisa divulgada ontem, é atribuída à diferença de metodologia entre as pesquisas e à maior abrangência da Pnad.

A PME avalia as regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife e Salvador, e não investiga o comportamento do mercado de trabalho em outros locais, como faz a Pnad.

Para Cimar Azeredo, da gerência de emprego do IBGE, o resultado da Pnad mostra que a crise impediu a criação de mais postos de trabalho, sem provocar uma enxurrada de demissões. O fato de a população ocupada ter crescido mostra que pode ter ocorrido um retorno de parte da população que tinha deixado de procurar emprego. "Na retrospectiva de 2009 da PME, verificou-se que o mercado de trabalho sentiu os efeitos da crise. Ele não tinha piorado, ele tinha deixado de melhorar, ou seja, de registrar os avanços constatados em anos anteriores. A Pnad mostra crescimento tímido [0,3%] da população ocupada, com a população em idade ativa crescendo acima de 1%. Existe o efeito da crise. Não conseguimos gerar postos de trabalho suficientes para atender à demanda", explicou.

Mundo

O especialista ressaltou que, na comparação com as principais economias do mundo, a taxa de desocupação do Brasil foi uma das que menos aumentou. A taxa de desemprego nos Estados Unidos, segundo dados da Organização para Cooperação e Desenvol­vimento Econômico (OCDE), cresceu 3,5 p.p. em 2009. Espanha (alta de 6,7 p.p), Canadá (2,2 p.p), Rússia (2 p.p.) e França (1,7 p.p.) são exemplos de nações que tiveram piora mais significativa do que o Brasil. Japão (1,1 p.p), Coreia do Sul (0,5 p.p.) e Alemanha (0,2 p.p.) tiveram variação menor do que a do Brasil.

Apesar da variação recorde no volume de desempregados em 2009, o emprego com carteira assinada segue em alta no país, segundo informações da Pnad 2009. No ano passado, 483 mil trabalhadores foram formalizados. Ao todo, 32,4 milhões de empregados ti­­nham carteira assinada em 2009, ou 59,6% do total, excluídos os trabalhadores domésticos. O número é recorde. Outros 28,2% não ti­­nham carteira assinada, e 12,2% eram funcionários públicos.

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