Country manager da Amazon Brasil, Alex Szapiro fala sobre a expansão logística da empresa| Foto: Divulgação/Amazon
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Quando a Amazon iniciou as operações no Brasil, em 2012, vendia apenas livros e seu leitor digital, o Kindle. Em menos de uma década, conta com um marketplace com 30 milhões de produtos, e atuação que extrapola o varejo – também está no mercado de streaming e de assistentes virtuais. Com experiência em logística, a gigante norte-americana desponta como um dos players que olha com interesse para a possível privatização dos Correios.

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Hoje a Amazon consegue entregar produtos para seus clientes Prime em até dois dias a partir da data da compra em 400 cidades brasileiras. Há um ano, esse número era de 100 cidades.

O Prime é uma assinatura em que, pagando taxa mensal de R$ 9,90 por mês, o cliente recebe as entregas com frete gratuito, sem valor mínimo, e ainda tem acesso a serviços de entretenimento, como o Prime Vídeo, concorrente da Netflix. O modelo chegou ao Brasil em setembro de 2019.

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A empresa não comenta rumores sobre o quão interessada estaria em virar a dona dos Correios no Brasil. Mas tem o foco muito definido em melhorar a experiência do cliente, especialmente o Prime.

“Essa evolução contínua vai fazer com que cada vez mais os clientes que querem velocidade e preço continuem comprando online. Se melhorar a experiência, o cliente fica”, disse o country manager da Amazon Brasil, Alex Szapiro, em entrevista à Gazeta do Povo.

A Amazon é uma gigante americana do e-commerce, fundada por Jeff Bezos em 1994. Está entre as cinco maiores empresas de tecnologia do mundo. E em 2020 será o primeiro ano em que os brasileiros poderão aproveitar milhares de promoções do Prime Day, em 13 e 14 de outubro, embora já haja uma seleção de produtos com descontos no site.

A ação, que geralmente é realizada em julho, foi “atrasada” em todo o mundo para outubro por causa da pandemia da Covid-19. “Faremos o Prime Day agora em outubro porque estamos prontos para dar boa experiência ao consumidor”, frisa Szapiro. O Prime Day vai acabar "emendado" com outras importantes promoções de fim de ano, como a Black Friday, que passou a ser uma data significativa para o varejo, apesar de não tradicional do calendário brasileiro, e as compras de Natal e fim de ano.

Na entrevista, Szapiro fala sobre a expansão do Prime no Brasil, como a pandemia afetou os negócios da Amazon e sobre o olhar da companhia para as reformas propostas pelo governo. Confira:

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Quais números da Amazon você pode abrir: e-commerce, assinantes do Prime, posição do Brasil em relação às demais praças de atuação?

Esse será o primeiro Prime Day no Brasil. Há pouco mais de um ano, fizemos o anúncio de que o Prime no mundo tinha 150 milhões de usuários. Esse número já mudou e uma das coisas que deixa a gente muito feliz é que o Brasil, que fez um ano de Prime em 10 de setembro, foi o país que mais cresceu no mundo. Se você colocar num gráfico todo mundo partindo de zero, o Brasil é quase uma reta. É o país que cresceu mais rápido na comparação com outros países.

É o que acontece quando você faz um produto em que o valor do que você oferece é desproporcional ao que cobra. Essa conta não é só pelos R$ 9,90 que se cobram por mês – ou R$ 89,90 por ano –, porque tenho os benefícios digitais, livros e revistas, música, games, e, além de tudo isso, o frete grátis. Desde que tenha um CEP, a gente entrega em todo o Brasil. Mais de 95% dos municípios brasileiros já têm assinantes do Prime, que veem o valor do que eles pagam. Só no Prime Day, teremos mais de 15 mil produtos com excelentes descontos, além do "free trial" de 30 dias para quem quer experimentar, que é mais um benefício.

O Prime Day vem um pouco antes das promoções de fim de ano. Apesar de o Brasil não ter a tradição do Black Friday, a ação vem trazendo bons resultados para o varejo nos últimos anos e ocorre um mês antes do Natal. Vocês procuram trabalhar essas ações isoladamente ou tratam como uma ação única e continuada?

Historicamente, a gente sempre fazia o Prime Day em julho. Esse ano, por todas as questões fora do nosso controle, como a Covid, a gente não estava pronto para fazer isso. A gente já vem crescendo ano a ano no varejo online, mas esse ano tivemos de adequar as vendas. Era melhor entregar álcool gel do que produtos grandes, como uma TV de 55 polegadas. Tiramos produtos grandes das vendas por um período, para adequar a questão de segurança, distanciamento social dentro dos armazéns. Como dois carregadores transportariam uma TV de 55 polegadas em segurança? Também aumentamos a oferta de itens de alimentação, e hoje vendemos não perecíveis. Isso não foi só no Brasil, foi no mundo todo. Nos Estados Unidos tivemos a contratação permanente de 175 mil pessoas.

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Faremos o Prime Day agora em outubro porque estamos prontos para dar boa experiência ao consumidor. A gente começa esse último trimestre com o Prime Day, mas tem outas ações. Efetivamente, depois, teremos continuidade [com a Black Friday e as vendas de Natal e fim de ano].

Você já comentou sobre como a pandemia da Covid-19 afetou parte dos processos da Amazon. A crise sanitária fez com que muitos brasileiros migrassem com mais força para o e-commerce. Você avalia que esses efeitos serão duradouros, é uma mudança que veio para ficar, ou há riscos de queda quando o comércio de rua for plenamente retomado?

Tem o marketplace, que já vinha acontecendo antes, mas a pandemia acelerou. Eram empresas que já vendiam com a gente e outras que cadastraram seus produtos para vender na Amazon também. Por outro lado, não consigo fazer nenhuma previsão do futuro.

Estamos no negócio de venda de produtos, mas não só. Tem a Alexa [assistente virtual da Amazon], que tem uma questão sobre preconceito com tecnologia. Por exemplo, dizem que as pessoas mais velhas têm dificuldades de lidar com tecnologia. Não é bem verdade, está sendo vendido para qualquer consumidor, assim como tem o Kindle [leitor de livros digital] e o Fire Stick [gadget para fazer streaming de conteúdos na TV].

A gente atua no que considera varejo, e um pedaço dele é varejo online. Já tínhamos penetração e, como varejo, só vemos crescimento pela frente. Esse crescimento continuado é porque gastamos muito tempo analisando os "inputs" da Amazon, e são três principais.

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O primeiro é a experiência do cliente, a conveniência. Estou entregando rápido, tenho bons formatos de pagamento? A conveniência, por exemplo, se eu compro um novo Kindle, já pré-carrego os livros do cliente? A segunda é o catálogo, porque estamos adicionando coisas que não tínhamos.

Por fim, a velocidade de entrega. Quando lançamos o Prime, em dois dias entregávamos para 100 cidades no Brasil. Hoje temos 400 com esse prazo e estamos reduzindo o tempo de entrega investindo em infraestrutura. Nosso ideal é chegar em algum momento e conseguir entregar em um dia ou, quiçá, no mesmo dia. Essa evolução contínua vai fazer com que cada vez mais os clientes que querem velocidade e preço continuem comprando online. Se melhorar a experiência, o cliente fica.

Além do marketplace, a Amazon tem uma atuação variada: varejo, streaming, assistente virtual e seus aparelhos. Algum deles é prioridade para a empresa no Brasil?

Não temos prioridade. Cada consumidor é um e queremos atender todos, dos livros digitais ou livros físicos, só para dar uma analogia. Muita gente usa o Prime para ter o benefício da entrega gratuita. E temos ainda os clientes Prime que não compraram a Alexa e aqueles que não são ainda [Prime] e já tem a assistente.

O governo vem tentando dar continuidade à agenda de reformas, e uma das que estão na lista é a tributária. Com que interesse a Amazon acompanha, monitora, essa discussão? A primeira fase proposta pelo governo cria a CBS, que vai incidir sobre os livros, atualmente isentos. Vocês veem com preocupação essa tributação? Os livros ficariam mais caros? Prejudica de alguma forma?

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A Amazon atua em mais de 20 países hoje e cada um tem questões distintas. Nosso papel não é de falar ou fazer a legislação das reformas e, sim, de nos adequar. Esperamos que seja algo benéfico. Sobre os livros, esse é um movimento de livreiros e editoras. Parte do sucesso do livro no Brasil é que é um produto isento e conseguimos uma divulgação da leitura de forma muito ampla. Não cabe a gente julgar, mas o fato de estarmos em vários países sempre nos dá a oportunidade de comparar e adequar.

E a privatização dos Correios, vocês são um dos players citados como possíveis interessados na compra.

Não falamos sobre rumores. O que posso dizer é que não estamos em conversação [sobre a compra dos Correios], o que não quer dizer que não continuamos a nossa expansão logística. Queremos entregar cada vez mais rápido e, por isso, precisamos continuar investindo e melhorar a rede logística e centros de distribuição.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]