Locomotiva da ALL na Argentina: linhas, que passam por nove províncias, passarão para estatal| Foto: Matías Chiodini/Creative Commons

O governo da presidente argentina, Cristina Kirchner, confirmou ontem sua decisão de rescindir o contrato da empresa brasileira América Latina Logística (ALL), que tinha a concessão de duas linhas ferroviárias, percorrendo um total de 8 mil quilômetros, e transferir o serviço ao Estado. Em coletiva na Casa Rosada, o ministro do Interior e Transportes, Florencio Randazzo, também anunciou a reestatização do Trem da Costa, uma das atrações turísticas da província de Buenos Aires. Em ambos os casos, o ministro argentino alegou "graves irregularidades" por parte das empresas privadas.

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Randazzo não descartou futuras estatizações no setor ferroviário. "Não descartamos adotar qualquer tipo de decisão. Se temos de avançar na estatização de outras linhas , estamos dispostos a fazê-lo, caso o serviço não melhore", disse. Em casos anteriores, o governo Kirchner rescindiu contratos de administração de linhas ferroviárias, mas entregou as concessões a outras empresas privadas. Esta é a primeira vez que o Executivo argentino reestatiza ferrovias.

De acordo com Randazzo, as multas aplicadas à ALL, que nos últimos meses foi submetida a auditorias estatais no país, representam cerca de 30% do contrato de concessão. O governo Kirchner assegura que a empresa deve em torno de 200 milhões de pesos (US$ 39 milhões) ao Fisco local.

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Os rumores sobre a reestatização das concessões que estavam em poder da ALL começaram a circular no país há vários meses. Em março deste ano, a Auditoria Geral da Nação divulgou um relatório no qual afirmava que a empresa brasileira estava descumprindo obrigações previstas no contrato de concessão. O serviço até hoje fornecido pela ALL passa pelas províncias de Mendoza, San Luis, San Juan, Córdoba, Santa Fe, Misiones, Corrientes, Entre Rios e Buenos Aires. São duas linhas ferroviárias, que agora passarão a ser operadas pela estatal Belgrano Cargas e Logística. Ambas linhas estão unidas a outras no Uruguai e no Brasil.

O ministro assegurou que as empresas reestatizadas cometeram "graves irregularidades", entre elas "falhas" no sistema de transportes, "falta de investimentos" e "abandono do material e ferrovias". O ministro Randazzo informou, ainda, que será realizada uma "verificação" para detectar eventuais danos ao sistema ferroviário nacional, por parte da Comissão Nacional de Regulamentação e Transporte.