Na prática, a Azul já vinha se beneficiando da crise da Avianca, ao ficar com aviões devolvidos pela empresa às credoras.| Foto: Divulgação/

A Azul anuncia uma proposta não-vinculante no valor de US$ 105 milhões (R$ 406 milhões) para a aquisição de certos ativos da Avianca Brasil. A nova empresa, uma Unidade Produtiva Isolada (UPI), conforme a Lei de Falências e Recuperação Judicial, inclui ativos selecionados pela Azul como o certificado de operador aéreo da Avianca Brasil, 70 pares de slots e cerca de 30 aeronaves Airbus A320.

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O acordo é não-vinculante, como destaca a Azul em fato relevante, e a expectativa é que o processo de aquisição da UPI dure até três meses.

A operação está sujeita a condições como diligência, aprovação de órgãos reguladores e credores e a própria conclusão do processo de Recuperação Judicial.

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A crise que levou à recuperação judicial da Avianca Brasil, quarta maior companhia aérea do mercado de voos domésticos, já vinha beneficiando a frota da terceira empresa do ranking, a Azul, que começou a absorver aviões da concorrente desde o início do ano.

Azul já vinha se beneficiando da crise da Avianca

A Avianca Brasil devolveu sete aeronaves de sua frota desde dezembro passado, quando se desentendeu com empresas arrendadoras de aviões e pediu recuperação judicial para estancar as dívidas e as tentativas que essas arrendadoras vinham fazendo para retomar aviões.

Cinco dos aviões devolvidos pela Avianca até agora são do modelo Airbus A320neo. Três deles já estão pintados com a logomarca da Azul, que até o final de 2018 possuía 20 modelos do tipo.

A Azul já tinha um interesse antigo de elevar a participação dos A320neo em sua frota, mas em fevereiro divulgou comunicado afirmando que decidiu acelerar os planos de renovação do portfólio.

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A meta da Azul era alcançar 27 aviões A320neo até o fim de 2019, mas foi elevada para 32 -coincidentemente, o mesmo número de A320neo que a Avianca devolveu aos arrendadores.

Além de serem maiores do que os aviões Embraer usados pela Azul, os A320neo proporcionam economia de combustível, reduzindo o custo de operação.

O grande drama da recuperação judicial da Avianca Brasil foi justamente a retomada de aeronaves por parte das arrendadoras. Os sete aviões já devolvidos pertencem a quatro empresas: Boc Aviation, GE Capital Aviation, Aircastle e Infinity. Essas e outros três grupos de arrendadores pediam cerca de 35 aeronaves, de uma frota que tinha 47 aviões até o ano passado.

O interesse da Azul pelas aeronaves pode ter levado as arrendadoras a endurecer a negociação com a Avianca Brasil, segundo avaliam executivos que atuam pela recuperação da companhia.

Conforme antecipou a coluna Mercado Aberto, alguns arrendadores de motores e aviões desistiram de negociar com a Avianca Brasil o pagamento pelo leasing dos equipamentos. A prioridade é retomar os ativos mesmo que haja um calote definitivo.

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A queda de braço pelos aviões da frota da Avianca evoluiu para uma disputa judicial que envolveu não só as arrendadoras como também a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).

A agência reguladora chegou a recorrer na Justiça de uma decisão que a impedia de executar o processo de retirada de aeronaves em caso de solicitação de arrendadores.

Procurada na sexta-feira (1º), a Avianca Brasil não se manifestou.

A Azul afirma que todas as aeronaves adicionadas a seu plano de renovação de frota foram negociadas diretamente com as empresas arrendadoras.

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"Eram aviões que estavam disponíveis no mercado e essa é uma ação em linha com nossa estratégia de frota", disse a empresa.

Procurada também na sexta-feira (8) , a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) afirmou que, até agora, nenhuma das aeronaves devolvidas da Avianca Brasil foi registrada na agência por outra empresa.