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O governo da Bolívia estuda exportar gás natural para a Europa pelo Brasil, com a construção de um terminal de liquefação de gás, possivelmente no Rio. A informação foi dada hoje pelo presidente da estatal Gas Transboliviano (GTB), operadora do trecho boliviano do Gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol), Cristian Sandoval. Segundo ele, a exportação de gás natural liquefeito (GNL) para a Europa é uma das alternativas em estudo para aproveitar a extensa rede de dutos entre os dois países após o fim do contrato de exportação de gás para o Brasil, em 2019. "O contrato acaba em nove anos e nove anos são considerados curto prazo para a indústria de gás", comentou Sandoval, em entrevista durante o fórum Gas Summit, no Rio.

Segundo ele, o objetivo prioritário é renovar o contrato com a Petrobras, que prevê o envio de 30 milhões de metros cúbicos por dia ao Brasil. No entanto, alternativas começam a ser trabalhadas, caso a estatal não deseje a renovação.

Nesse esforço, a GTB abrirá no fim do ano seu primeiro escritório brasileiro, em São Paulo, para prospectar clientes diretos para o gás boliviano. Uma segunda unidade será aberta depois no Rio. "São Paulo é o maior mercado para o gás boliviano. Precisamos estar perto dos clientes", explicou o executivo. A possibilidade de exportações de GNL já começou a ser discutida com a Petrobras. "A Europa é um grande mercado e busca alternativas para reduzir a dependência da Rússia", destacou.

Com grande potencial de reservas de gás, a Bolívia é hoje dependente dos mercados brasileiro e argentino, além de buscar um contrato de exportação com o Paraguai. Mesmo assim, disse Sandoval, a tendência é que o Gasbol fique ocioso a partir de 2019 e, com o investimento amortizado, pode trazer gás barato para a costa brasileira. O esforço boliviano inclui ainda a busca por consumidores no Centro-Oeste, que dificilmente serão abastecidos por gás do pré-sal.

O presidente da YPFB, Carlos Villegas, já esteve no Mato Grosso para iniciar negociações com o governo local. Há no Estado uma usina térmica construída para operar com gás da Bolívia que, atualmente, está parada por falta de acordo entre os bolivianos e os donos da usina, a americana Ashmore. A ideia, diz Sandoval, é retomar as vendas para a térmica, de 2,2 milhões de metros cúbicos por dia, além de desenvolver o mercado de gás natural veicular (GNV) na região. O local registra preços mais altos de combustíveis, por conta da distância em relação às principais refinarias brasileiras.

"Podemos até nos tornar investidores no Brasil, nos segmentos de energia e de outros produtos", apontou Sandoval. A Bolívia tem um plano de investimentos de US$ 8,5 bilhões no setor de petróleo e gás. O país espera ampliar sua produção para até 80 milhões de metros cúbicos por dia em 2015.

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