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Bolsonaro critica ministros do STF e questiona resultados das eleições de 2014 e 2018
| Foto: Reprodução/YouTube/BIF 2022

O presidente Jair Bolsonaro criticou ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e questionou os resultados das eleições presidenciais de 2014 e 2018 no discurso de abertura do Brasil Investment Forum 2022, nesta terça-feira (14), em São Paulo. Em sua fala, de pouco mais de meia hora, o presidente também comparou seu governo com os antecessores petistas e disse que uma "cabeça de burro" faz a América do Sul pender para a esquerda na política.

Organizado pelo governo federal, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento, o fórum de atração de investimentos segue até quarta-feira (15).

A uma plateia de empresários, investidores, representantes de governos estrangeiros, membros do governo e parlamentares, Bolsonaro disse que não se pode dissociar a economia da política. E dedicou parte de seu tempo a contestar decisões do STF, questionar o sistema de voto eletrônico e fazer referências à atuação da esquerda em países sul-americanos.

Ele criticou o STF por permitir que governadores e prefeitos adotassem medidas mais restritivas que as federais durante a pandemia de coronavírus; por proibir operações policiais em favelas do Rio de Janeiro; por abrir inquéritos de ofício, sem pedido do Ministério Público; por "prender" e "desmonetizar", em referência às decisões do Supremo contra apoiadores de seu governo; e por discutir a questão do marco temporal das terras indígenas.

"Parabéns ministro [Edson] Fachin, tremenda colaboração com narcotráfico e com a bandidagem de maneira geral", disse o presidente, sobre a proibição de operações policiais nas favelas do Rio. "Isso é mentira, isso é fake news, ou é verdade? Não podemos criticar decisões deles? Por que não? Quem eles pensam que são?", completou.

"Chega de bananas na política brasileira, de demagogos que fiquem falando bonito para vocês e por trás fazem outra coisa completamente diferente", disse Bolsonaro mais adiante.

O presidente também criticou a decisão do TSE, depois referendada pela Segunda Turma do STF, de cassar o deputado estadual do Paraná Fernando Francischini (União Brasil) por questionar a votação eletrônica.

"Por que quem duvidar do sistema eletrônico, o candidato, vai ter registro cassado e preso? Eu sou obrigado ao confiar?", questionou. "Eu posso apresentar falhas, eu posso dizer, como foi a eleição de 2014, que no meu entendimento técnico o Aécio [Neves] ganhou? Eu, técnico, com documentação que eu tenho do próprio TSE, falar que eu ganhei no primeiro turno [de 2018], não posso falar isso, vão cassar meu registro?", prosseguiu.

Em seguida, Bolsonaro voltou a criticar o ministro do STF Edson Fachin, que preside o TSE. "É justo o ministro Fachin, o que tirou o Lula da cadeia, estar à frente do processo eleitoral? É justo ele se reunir há dez dias com 70 embaixadores e falar para eles de forma indireta que eu estou solapando a democracia no Brasil? E quando aparecer o retrato no final da apuração no primeiro turno, peçam que seus respectivos chefes de Estado reconheçam imediatamente o resultado das eleições?"

Reportagem da Gazeta do Povo mostra que Bolsonaro quer se reunir com embaixadores estrangeiros até a semana que vem para se contrapor a Fachin, que no fim de maio recebeu diplomatas para falar da votação eletrônica. O presidente também quer expor as divergências do Planalto em relação a ações STF.

América do Sul tem "cabeça de burro que força a gente pro lado esquerdo", diz Bolsonaro

Logo no começo de seu discurso, sem citar os nomes, Bolsonaro se referiu a Venezuela, Argentina e Chile, países sul-americanos governados pela esquerda. "Seria muito bom para nós se esses três países, com mais oito que fazem divisa conosco, fossem prósperos. Mas tem aqui na América do Sul, parece, uma cabeça de burro, né, que força a gente pro lado esquerdo."

Na sequência, ele relembrou as circunstâncias em que foi eleito em 2018, em especial o fato de ter sobrevivido a um atentado.

"Queria que tivesse mais tempo para falar como vencemos. Que é uma coisa simplesmente de aterrorizar qualquer um. Entendo que foi um momento em que a mão de Deus foi colocada sobre o Brasil. Tem gente melhor do que eu? Tem milhares de pessoas melhores do que eu. Mas eleição, para presidente, em especial, é um self service, é o que tem na mesa. Não adianta pedir camarão se não tem camarão. Quero cordeiro se não tem cordeiro. É o que tá na mesa. Em estando na mesa, você vai ter que comer, vamos escolher o melhor ou o menos ruim. E assim foi feito em 2018. Eu ganhei no primeiro turno. Mas não vou entrar em detalhes aqui", disse o presidente.

Ao comentar as ações de seu governo, Bolsonaro disse ter escolhido ele próprio os ministros de seu governo, sem ceder a partidos nem lotear diretorias de estatais. Mencionou a redução no tempo para a abertura de empresas e a queda no endividamento da Petrobras.

"Essa comparação tem que haver. O endividamento da Petrobras ao longo do governo do PT daria para fazer 60 vezes a transposição do São Francisco. Agora o Tribunal de Contas da União atualizou tamanho do rombo da [refinaria] Comperj em Itaboraí [RJ], para R$ 47 bilhões o desviado ou enterrado. Daria para fazer três veses a transposição do São Francisco", disse Bolsonaro.

Sobre o agronegócio, citou a queda nas multas do Ibama, a facilitação do porte de arma no campo e a redução nas invasões de terras. "Vejam as invasões do MST. Ninguém mais ouviu falar neste governo. Levei paz ao campo, e não foi na pancada. Demos título para 350 mil assentados, e pretendemos chegar a 400 mil neste ano, o Paulo Guedes está arrumando um dinheirinho a mais para o Ministério da Agricultura", disse.

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