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Na tentativa de acelerar as negociações para normalizar a passagem de produtos nas fronteiras das duas maiores economias do Mercosul, o Brasil propôs incluir setores da indústria argentina no programa de compras governamentais brasileiro, disse nesta sexta-feira (29) o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel.

Depois de um dia de reuniões com a secretária de Comércio Exterior da Argentina, Beatriz Paglieri, e a ministra da Indústria, Débora Giorgi, no entanto, Pimentel afirmou que ainda não existem condições de reverter o sistema de licenças não-automáticas de produtos perecíveis argentinos.

"Não há ainda acordo que motive a mudança nas licenças de produtos", disse Pimentel.

A medida tomada pelo Brasil em maio, que criou a necessidade de autorização prévia para importações -que pode levar até 60 dias- de cerca de 10 produtos perecíveis vizinhos, foi uma forma de o governo brasileiro retaliar ações protecionistas da Argentina.

A proposta de incluir setores como a indústria naval argentina na lista de beneficiados nas compras do governo foi feita pelo ministro na quinta em reunião do Mercosul, em Mendoza. Nesta sexta, a presidente Dilma Rousseff discute este tema, entre outros, com a colega argentina Cristina Kirchner e o uruguaio José Mujica.

Segundo uma fonte do MDIC, a medida também seria benéfica para o Uruguai, uma vez que trataria os produtos do Mercosul como se fossem brasileiros.

O governo anunciou nesta semana vantagens que produtos brasileiros de alguns setores, como saúde, têxtil e defesa, terão nas compras feitas por órgãos governamentais.

"Acreditamos que a indústria naval argentina pode ser muito beneficiada, e não há prejuízo para a indústria brasileira", disse Pimentel, citando a Petrobras como grande consumidora.

"Pedimos a eles uma proposta, acredito que até metade de julho já tenhamos um acordo sólido", completou Pimentel.

Fronteiras

Em troca, segundo Pimentel, o Brasil quer a normalização das fronteiras, onde a Argentina tem imposto muitas restrições por conta da diferença na balança comercial entre os dois países.

Segundo o ministro, nos últimos dias os países fizeram "gestos" importantes. Ele citou uma liberação muito acima da média da entrada de carne suína brasileira no vizinho e citou que o Brasil encaminha uma liberação de um grande lote de veículos argentinos em até 90 dias.

As reuniões, entretanto, não foram fáceis. Segundo uma fonte do governo que presenciou os encontros, em um dos momentos a secretária Beatriz Paglieri se alterou e representantes do Brasil ameaçaram abandonar as discussões.

Uma fonte do governo argentino disse que ambos os países começarão a discutir, em julho, as bases de um novo convênio para regular o comércio automotor que irá substituir o atual, que vence em 2014.

A fonte, que falou sob condição de anonimato, disse que um novo marco de regulação setorial tem como meta tornar a indústria automotora do Mercosul mais competitiva, buscando reduzir seus altos déficits comerciais.

Segundo a fonte, a Argentina gostou da proposta de incluir setores da indústria do país nas compras governamentais brasileiras, mas há necessidade de negociar e estudar o que a Argentina dará em troca.

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