Os reajustes que ficaram abaixo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), representaram 40,8% do total das negociações coletivas no ano.| Foto: Albari Rosa/Arquivo/Gazeta do Povo
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Um estudo realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e divulgado nesta sexta-feira (27) mostra que a maior parte dos reajustes salariais negociados em 2022 teve índices aplicados abaixo da inflação registrada no período. Os reajustes que ficaram abaixo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), representaram 40,8% do total das  negociações coletivas no ano. Já os que tiverem reajuste igual a inflação foram 31,6% e apenas 27,6% tiveram resultados acima do índice inflacionário do período entre janeiro e abril. O levantamento foi realizado com dados do Ministério do Trabalho e Previdência e analisou 163 negociações coletivas realizadas no período.

De janeiro a abril, reajustes iguais e acima da inflação foram mais frequentes no comércio, presentes em cerca 67% das negociações analisadas. Em seguida, aparecem as negociações realizadas pelas categorias da indústria, nas quais houve pelo menos reposição da inflação anual em 64% dos casos. Entretanto, os aumentos reais foram mais regulares na indústria (29,4% dos casos) do que no comércio (17,1%). O setor de serviços chama atenção pela maior proporção de reajustes abaixo (45,1%) e acima (29,8%) do INPC.

Perdas maiores em abril

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Já as categorias com data-base negociada em abril, cujas negociações se encerraram até a realização do estudo, obtiveram, majoritariamente, reajustes iguais ou acima da inflação. No levantamento, 8% delas tiveram resultados acima do INPC-IBGE e 46% obtiveram reajustes iguais a esse índice – o que totaliza 54% das negociações da data-base.

“Esses dados preliminares praticamente repetem os da data-base março, quando 53,7% das negociações conseguiram reajustes iguais ou superiores ao INPC. Por outro lado, o percentual de reajustes abaixo da inflação segue em alto patamar (46% do total, em abril). Segundo o Dieese, abril apresenta a menor proporção de reajustes com ganhos reais em 2022 e a segunda menor proporção nas últimas 15 datas-bases, acima apenas de novembro de 2021.

Em abril, a variação real média dos reajustes foi de -0,76%, resultado pior do que o das negociações com data-base em março e ligeiramente melhor do que o daquelas com data-base em fevereiro. Em todas as últimas 15 datas-bases, a variação real dos reajustes foi negativa, especialmente em julho de 2021 (-1,94%).

“As médias negativas refletem o peso dos resultados abaixo do INPC-IBGE, que superam em grandeza os ganhos dos reajustes acima do índice inflacionário. Os reajustes abaixo do INPC-IBGE de abril foram, em média, equivalentes a apenas 83% do valor necessário para a recomposição plena dos salários”, diz o estudo.

Reajuste necessário

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Em função do aumento dos preços da ordem de 1,04% em abril, o valor do reajuste necessário para as negociações com data-base em maio será de 12,47%, segundo o INPC-IBGE. É o maior valor do período considerado no boletim.