Roberto Campos Neto diz que novo presidente do BC deveria ser indicado por Lula entre outubro e novembro, antes do recesso parlamentar para a sabatina.| Foto: Isaac Fontana/EFE
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O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, defendeu nesta quarta (3) que o processo de sucessão do comando da autarquia comece antes do término do mandato dele, em 31 de dezembro. Ele afirmou que o governo deveria indicar o próximo presidente do BC entre outubro e novembro para realizar a sabatina no Congresso antes do recesso de fim de ano.

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Campos Neto foi constantemente atacado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao longo do ano passado, pela demora do Comitê de Política Monetária (Copom) começar a reduzir a taxa básica de juros. Mesmo após uma trajetória de cortes que chegou a 10,75% no mês passado, ele continuou na mira de integrantes do PT – em especial da presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann.

“Seria bom fazer a sabatina este ano. Se um diretor for presidente interino, ele tem que passar por sabatina também”, destacou Campos Neto. No entanto, a lei da autonomia do BC não especifica os procedimentos para o processo sucessório.

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Além disso, o atual presidente do BC enfatizou a importância de uma transição suave entre governos, evitando a politização do processo. Ele próprio foi acusado pelo governo Lula de agir seguindo orientações do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que o indicou ao cargo.

"Essa coisa de você mudar de um governo para outro, onde o governo que entra fala mal do outro e a gente tem uma transição que não é civilizada, é muito ruim. Eu sempre digo que eu prefiro discutir ideias do que pessoas. Então, nesse sentido, eu vou fazer a transição mais suave possível”, afirmou.

Especula-se que o próximo presidente do BC seja Gabriel Galípolo, atual diretor de política monetária da autarquia e considerado próximo a Lula. A indicação, no entanto, desperta incertezas em parte do mercado financeiro quanto à trajetória da taxa Selic. Enquanto Lula critica Campos Neto por manter os juros altos, o BC justifica a medida como necessária para conter a inflação.

Apesar da especulação de que Galípolo pode ser o indicado por Lula para a presidência do Banco Central, o ministro Rui Costa, da Casa Civil, desconversou e disse que ainda não há um nome definido.

“É um quadro técnico extraordinário, competente, mas a decisão ficará para o momento adequado ao presidente da República que, no final do ano, que é o momento que ele tem que indicar, ele o fará”, afirmou o ministro em entrevista à GloboNews mais cedo.

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Campos Neto também aconselhou o sucessor que vier a assumir a presidência da autoridade monetária, afirmando que “a coisa mais importante para quem se senta na cadeira hoje é ter a firmeza de dizer não quando for necessário. E vai ser necessário sempre, em algum momento, porque os ciclos são diferentes, os desejos vão ser diferentes, os entendimentos sobre o que é bom vão ser diferentes. Então é importante ter firmeza de dizer não e explicar para dentro e para fora”.

Ele observou, ainda, que a percepção de risco do mercado financeiro em relação à mudança no comando do BC diminuiu, atribuindo isso à unanimidade nas últimas decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre o corte da Selic, atualmente em 10,75% ao ano.

Além da mudança na presidência, o governo também indicará mais dois diretores, o que resultará na maioria do Copom.

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