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Funcionário em fábrica de calçados na China: indústria brasileira reclama da competição e analista diz que condições de trabalho no país melhoraram | Stringer/Reuters
Funcionário em fábrica de calçados na China: indústria brasileira reclama da competição e analista diz que condições de trabalho no país melhoraram| Foto: Stringer/Reuters

Balança comercial

País asiático lidera importações

Desde maio, a China é o principal parceiro comercial do Brasil, à frente dos Estados Unidos. No período de janeiro a outubro deste ano, o Brasil exportou US$ 17,7 bilhões (principalmente soja em grão, minério de ferro e petróleo) à China e importou US$ 12,8 bilhões (principalmente em produtos eletrônicos). Desde junho, a China também se tornou o principal parceiro comercial do Paraná, ultrapassando a Argentina. No período de janeiro a outubro deste ano, o estado exportou U$ 1,19 bilhão em produtos (principalmente soja em grão, óleo de soja e açúcar) para a China, e importou U$ 1 bilhão (principalmente produtos eletrônicos).

Indústria diz que disputa é injusta

Do ponto de vista industrial, a relação Brasil-China é "a pior possível". Proclamar que a China é o nosso principal parceiro comercial é algo simplesmente "irrelevante". Com essas declarações, o diretor do departamento de relações internacionais e comércio exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Ricardo Martins, não economiza críticas ao dragão chinês.

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A China é uma ameaçou um parceiro estratégico? Essa questão vem se alimentando nos últimos meses de um contraste nas relações entre o Brasil e a nação asiática. Ao mesmo tempo em que os chineses são nosso maior mercado consumidor, são alvo constante de reclamação da indústria nacional.Para os consultores Jaime e Andrea Martins, pai e filha que estudam as relações com a China, o parceiro comercial precisa ser encarado como uma grande oportunidade. "Oferecendo produção barata e de qualidade, a China se tornou uma ótima plataforma para empresas que querem atingir o mundo, tal como fez a Embraco [empresa de refrigeração sediada em Santa Catarina] que implantou uma fábrica lá", diz Andrea, que nasceu e se formou como economista em Pequim. A desinformação sobre a China, porém, ainda é um grande empecilho para que mais negócios se efetivem entre os dois países, dizem os consultores. "As pessoas ainda acham que a China só produz coisas de baixa qualidade, de R$ 1,99, o que não é verdade. Ela oferece muito mais do que isso ", diz Jayme, que trabalhou em solo chinês por 20 anos, como professor e jornalista. "Não é por acaso que a Embraer produz aviões na China ou que o governo brasileiro tem uma parceria com o governo chinês para a produção de satélites. Isso mostra a força da tecnologia de lá," exemplifica Martins.

Pirataria

Segundo Andrea, o temor de ter seu produto pirateado é outro fator que afasta muitos empresários brasileiros das terras chinesas. "Há uma década, isso era um problema sem solução para quem transferia sua produção para lá. Mas hoje há campanhas antipirataria e sistemas de vigilância e punição." Proteger-se da pirataria é possível, diz ela, desde que o empresário contrate serviços de advocacia durante o processo de registro da marca no país. Outra alternativa é produzir as partes de um produto em fábricas separadas e depois montá-las em uma outra fábrica, em um processo chamado de "caixa-preta". "Assim ninguém tem acesso ao conhecimento total da produção, o que dificulta a ação de falsificadores", explica Andrea.

A consultora também ameniza as críticas contra as condições de trabalho na China. "No ano passado, foi declarada a nova lei do trabalho, que garante salário minimo e direitos trabalhistas até para quem trabalha no mínimo um mês em uma empresa. Com o amadurecimento das indústrias, as relações de trabalho melhoraram."

Contatos

Segundo Elias Antunes, consultor do Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), ações que promovam um maior estreitamento de relações com a China só tendem a aumentar. "A China já é o segundo maior mercado do mundo e não podemos mais ignorá-lo", diz ele, lembrando que o país está sendo em 2009 o principal consumidor das exportações paranaenses.Na opinião do vice-presidente da Fiep Rommel Barion, por mais que os industriais paranaenses tenham dificuldades para exportar produtos de maior valor agregado para a China, por conta da valorização do real, é possível aproveitar outras coisas do país. "Vimos durante uma missão comercial em Cantão uma série de máquinas chinesas capazes de transformar resíduos industriais em novos produtos, algo que poderíamos trazer para o Paraná. Sem falar no comprometimento total que os chineses têm com o trabalho, atitude que deve servir de exemplo para todos nós", diz Barion.

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