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Recauchutadora de pneus sentiu a crise na pele: com produção menor, os caminhões rodam menos e a demanda cai | Hedeson Alves/Gazeta do Povo
Recauchutadora de pneus sentiu a crise na pele: com produção menor, os caminhões rodam menos e a demanda cai| Foto: Hedeson Alves/Gazeta do Povo

Quem vê a curva descendente de sua produção retratada nas tabelas do IBGE tenta explicar o que houve em 2008: "tivemos um primeiro semestre, mas não tivemos o segundo", diz o presidente do Sindicato das Indústrias de Borracha do Paraná (Sindibor-PR), Antonio Cláudio Vieira. Depois de seis meses de euforia e de produção recorde, a indústria sofreu o impacto da crise econômica global, a partir de setembro.

"A conversa se inverteu", conta Vieira. "Em junho, comentava-se que ia faltar matéria-prima. Depois, começou a sobrar, os preços baixaram e o mercado ficou bem desaquecido." Vieira é diretor da Taquarense, empresa que faz recauchutagem de pneus e fabrica artefatos de borracha. Seus clientes são transportadoras, mineradoras, construtoras e empresas do setor agrícola. A equação dos últimos meses é simples: quanto menor a produção, menor o volume de transporte e menos pneus são necessários.

O setor de metalurgia foi atingido em cheio pelas vendas menores das montadoras. "De setembro em diante, foi uma loucura", lembra o presidente do Sindicato da Indústria Metalúrgica do Paraná (Sindimetal-PR), Roberto Karam. Em dezembro, a queda nas vendas, segundo ele, foi de cerca de 40% em relação a setembro. "Se a montadora para, os fornecedores param também. E em dezembro, todas, sem exceção, deram férias coletivas. Qual era a opção?"

Mesmo quem trabalhava com outros clientes que não montadoras sentiu a retração. A Igasa Autopeças, indústria de São José dos Pinhais que produz peças de reposição, reduziu a produção em cerca de 13% no fim do ano passado, e está formando estoque para evitar cortes mais drásticos. "Estamos queimando gordura", comenta o diretor industrial da empresa, Edgar Gonçalves Júnior. "A crise atrapalha porque falta dinheiro para o povo. Se a pessoa bate o carro, em vez de comprar uma peça nova, vai ao martelinho de ouro."

Otimismo

Apesar da retração registrada no ano passado, Vieira, do Sindibor-PR, prevê que 2009 não seja tão ruim quanto se pinta. "Vamos ter um ano de dificuldades, mas não vai ser tão tenebroso quanto no mercado internacional. Temos um mercado grande que está em expansão, e temos de trabalhar para que nossa economia continue ativa e não pare."

O presidente do Sindimetal-PR segue o mesmo raciocínio. Segundo Karam, os níveis de produção da indústria metalúrgica estão voltando aos patamares de 2007, o que não é necessariamente ruim. "Apesar de haver uma queda acentuada, nós não estamos entrando numa recessão. O setor vai voltar a crescer, mas não mais a 6% ao ano, e sim a 2% ou 1,5%."

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