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Os primeiros números da economia em 2017 sinalizam uma melhora em um ritmo bom. Parece que a estabilização vai acontecer ainda neste primeiro trimestre, embora não haja certeza de que se evitará mais um trimestre de PIB negativo, como prevê o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

Dados antecedentes, como fluxo de veículos nas praças de pedágio e produção de papelão ondulado, voltaram a crescer na comparação com 2016. A indústria automotiva tem conseguido exportar mais e elevou sua produção – embora não de maneira sustentável, como mostram as decisões de novas férias coletivas em algumas fábricas. Índices de confiança também voltaram a encadear algum crescimento, mesmo que em um nível historicamente baixo.

No fim do ano passado, minha primeira análise do que seria 2017 foi bem mais pessimista do que esses primeiros indicadores estão mostrando. Imaginava que o momento da retomada ficaria apenas para o segundo semestre, mas uma combinação de fatores está tornando o quadro melhor do que parecia há dois meses.

O mais importante hoje é que o Banco Central demonstra que vai cortar mais rapidamente os juros, reagindo à inflação cadente. O IPCA de janeiro divulgado na semana passada confirmou a visão mais otimista sobre o comportamento dos preços. Fevereiro pode ser um mês ruim por causa de aumentos nas tarifas de ônibus, mas não mudará a tendência.

Houve também uma pequena melhora no humor de consumidores e dos setores produtivos. O investimento também parece estar chegando ao fim de um tombo que entrará para a história – a economia já absorveu o choque vindo dos cortes nos gastos da Petrobras, outras estatais e empresas envolvidas na Lava Jato. A ideia de se liberar o FGTS de contas inativas criou uma expectativa positiva em quem tem dinheiro a receber.

Apesar desses fatores todos, há alguns aspectos que não mudaram nesses dois meses. Brasília continua desconectada do resto do país, com mais um caso de nomeação de ministro indo parar no STF – corte que logo terá mais um membro indicado de forma descaradamente política. A proteção mútua de parlamentares envolvidos na Lava Jato, muitos deles entrincheirados na CCJ do Senado, por exemplo, não é só vergonhosa. É um risco difícil de calcular. As delações da Odebrecht podem fazer estrago suficiente para prejudicar a tramitação das reformas.

A crise nos estados é claramente muito grave. Seu impacto no desempenho geral da economia é negativo porque esta é outra porta por onde o investimento cai e, ao mesmo tempo, é uma nova fonte de insegurança para a população, seja ela parte do funcionalismo público ou não.

Se o mundo político ainda é um risco, o mesmo pode ser dito sobre as implicações do Trumponomics. E a bomba-relógio não está em suas bravatas comerciais, como a desistência da Parceria Transpacífico, mas em sua reforma tributária. Há quem estime que ela levará a uma disparada do dólar. Ao mesmo tempo, os boatos sobre ela provocaram um otimismo nos mercados que pode não ter base na realidade. Em algumas semanas descobriremos se havia algo a temer.

Em alta

Renováveis

O setor de energia solar criou um em cada 50 novos postos de trabalho nos EUA em 2016. A estatística vem sendo usada para defender as fontes renováveis de um possível ataque do governo Trump.

Em baixa

Meta de inflação

Depois de o presidente do BC, Ilan Goldfajn, falar na possibilidade de a meta de inflação cair para 3% no longo prazo, surgiram os primeiros sinais de que o movimento começa em 2019.

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