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Os números tristes da indústria nos últimos anos servem para sustentar a tese de que o Brasil passa por uma desindustrialização. De fato, não podemos creditar a esse setor participação no crescimento econômico do país no pós-2008, mas essa não é a história toda.

A teoria da desindustrialização credita ao câmbio e à falta de apoio estatal (institucional e de investimentos) grande parte da culpa pela queda da participação do setor na economia. Temos razões para acreditar que o câmbio esteja ainda apreciado. A inflação alta (que faz o Banco Central elevar os juros e segurar o dólar) é um fator que dificulta uma ação ao estilo do Japão, que desvalorizou bastante sua moeda. A falta de ação estatal é mito. O país teve dois grandes planos para o setor na última década e nenhum foi bem sucedido. Na primeira leva, o principal resultado foi a criação dos grandes grupos financiados pelo BNDES. Na segunda, pequenas mudanças institucionais que não trazem uma visão de futuro do setor.

Em vez de uma desindustrialização em massa, com explicação simples, temos máquinas rodando em velocidades diferentes. Setores muito competitivos, como papel e celulose, continuam investindo. Outros não encontram o cenário certo para aumentar a produção. Confiam pouco na sua capacidade de competir, o que tem explicações mais profundas do que a falta de ação estatal. Na verdade, a política industrial fez pouco para tornar a indústria mais produtiva e competitiva. São poucas as empresas na fronteira do desenvolvimento tecnológico e a capacitação da força de trabalho ainda é insuficiente. E isso os bilhões jogados no BNDES não compram.

Briga no miolo

A crise no setor automotivo fez crescer a briga no "miolo" do ranking de vendas. Renault e Hyundai estão entre as montadoras que têm se saído melhor diante de um consumo retraído. No acumulado de janeiro a maio, a marca francesa atingiu 6,9% de participação de mercado, contra 6,6% no ano passado. Mas o desempenho em maio, quando atingiu 7,8%, indica que ela logo vai ultrapassar a barreira dos 7% no acumulado do ano. Já a Hyundai passou de 5,9% de participação no ano passado para 6,7% neste ano, segundo dados da Fenabrave.

Todas as quatro grandes – Fiat, GM, Volks e Ford – perderam espaço no mercado. O primeiro alvo de Renault e Hyundai é ultrapassar a casa dos 8% para disputar o quarto lugar com a Ford.

Bons ventos 1

A fabricante de produtos plásticos MVC, que tem fábrica em São José dos Pinhais, firmou um acordo para fornecimento de partes usadas em geradores de energia eólica para a WEG. O segmento vem ganhando peso dentro da empresa. A previsão é de que a MVC entregue 300 conjuntos de "corpos" e "narizes" de geradores neste ano, e 800 no ano que vem, quando a área, batizada de MVC Wind Power, chegará a R$ 80 milhões de faturamento. Além da WEG, a companhia tem entre os clientes a GE, Alstom e Gamesa.

Bons ventos 2

O maior mercado de energia eólica nas Américas está hoje nos Estados Unidos, onde são acrescentados mais de 5 GW de potência por ano. Depois dele, Brasil e Canadá são considerados os países com maior potencial na área. A oportunidade não é só para empresas que fornecem equipamentos. A Siemens, por exemplo, tem uma divisão que faz a manutenção das unidades geradoras que vem crescendo a um ritmo de 40% ao ano. A expansão é auxiliada pela redução de custos: em 4 anos, o valor gasto anualmente para se manter um parque eólico caiu 20%, segundo a companhia. O custo varia hoje de US$ 50 mil a US$ 100 mil por ano, por turbina, dependendo da localização.

Emergentes

O Fundo Monetário Internacional (FMI) redigiu um relatório em que traça os desafios para os países emergentes. A instituição nota uma desaceleração coordenada, resultado de uma queda nos ganhos de produtividade desses países. Os conselhos do Fundo são os de sempre: reformas estruturais que retirem gargalos aos ganhos de produtividade e mudanças no balanço consumo/investimento. No caso do Brasil, é preciso aumentar o investimento e reduzir o consumo. O contrário do que ocorre na China, onde os investimentos ultrapassam 40% do PIB.

Atrás das médias

O governo vai anunciar medidas para levar médias empresas ao mercado de capitais. Hoje elas são as mais estranguladas financeiramente: têm menos acesso aos financiamentos subsidiados e não estão protegidas pelo Simples. A Bovespa já tem um mercado para empresas menores, que atraiu só nove companhias até hoje. Entrar na bolsa custa caro para as empresas, ao mesmo tempo em que falta liquidez para esse tipo de ação. As novas regras terão de tornar essa saída melhor do que a busca por sócios privados ou a venda para grupos maiores.

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