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Caro leitor, o ano está se encaminhando para o fim. Olhe em volta: as promoções dos shoppings estão a pleno vapor, os pinheirinhos já enfeitam muitas salas, os convites para confraternizações começam a aparecer. Sim, 2014 está chegando ao fim. É hora, então, de começar a pensar em 2016.

Como? Você está achando que deixei passar um erro de digitação? Não. É isso mesmo. 2015 já foi suficientemente prejudicado pelo ano que o antecede, a ponto de tornar previsível demais. Pior: o que se pode prever para o ano que vem não é bom. Melhor começar a pensar no seguinte.

Comecemos por 2014. O ano corrente deve terminar com um crescimento muito baixo – as estimativas estão na faixa de 0,3%, mas podem se alterar na semana que vem. É que na sexta-feira o IBGE deve divulgar uma nova rodada das contas nacionais trimestrais (ou seja, o crescimento do PIB no trimestre). Não deve haver surpresas: os números devem confirmar que a economia voltou a crescer no período julho-setembro, deixando para trás a recessão técnica em que nos colocamos no primeiro semestre. A questão, obviamente, é que o crescimento será pequeno, porque não dá para fazer muito quando o ponto de partida é baixo.

O mesmo raciocínio se aplica a 2015. O crescimento deve ser baixo porque a base é frágil. Os analistas mais otimistas não chegam a 1% de crescimento no ano que vem. A inflação deve continuar rondando o teto da meta, acompanhando a tendência de 2014.

Há formas de baixar rapidamente a inflação, mas as maneiras mais simples de conseguir esse feito envolvem uma desaceleração intensa na economia – uma daquelas situações em que os efeitos colaterais do remédio podem ser piores que a própria doença. Um impasse, portanto.

Nesse contexto, é melhor a gente ir se acostumando com a ideia de um ano perdido – mais um, talvez o leitor arrisque dizer, já que 2014 foi mesmo bem ruim.

Em termos de investimentos, 2015 deve ser mais um período de juros altos, solução clássica do governo para manter a inflação sob controle. Teoricamente, isso significaria uma conjuntura mais favorável às aplicações de renda fixa. A questão é que o mercado ganha instabilidade quando essas coisas acontecem, e a consequência é que ele se torna difícil de prever.

No mercado de ações, se já não bastasse a falta de definições para o governo Dilma 2, o escândalo da Petrobras traz nuvens ainda mais escuras para o ambiente de negócios. Foi um péssimo sinal a companhia ter adiado a divulgação de seu balanço, duas semanas atrás, por falta de parecer de auditoria.

Não que os auditores independentes estejam com essa bola toda – na verdade, eles estão por baixo desde a crise das hipotecas americanas, na década passada. Se as auditorias falharam em perceber o risco dos refinanciamentos na América do Norte, não chega a ser surpreendente que não tenham flagrado sinais do Petrolão.

Em resumo, estamos em tempos bicudos. E em fases como essa, nada melhor que ser bem conservador.

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