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Francisco, leitor da coluna, está de olho no mercado imobiliário. Sua intenção é comprar imóveis usando o consórcio, mas está meio em dúvida sobre o que fazer depois: vende, aproveitando a valorização, ou aluga, para obter uma renda para a aposentadoria?

A questão esconde, na verdade, três temas: o uso do consórcio para investimento, o potencial de valorização dos imóveis e a geração de recursos para a aposentadoria. E aí as coisas que pareciam simples já não são mais claras. Principalmente porque uma resposta mais objetiva dependeria de variáveis como a idade e o prazo do investimento – dados que Francisco não enviou em seu e-mail.

Em geral, quando se fala em investimento, a maioria dos economistas não recomenda o consórcio. Isso porque as taxas cobradas pelas administradoras encarecem a operação. "Você está pagando uma taxa. É como pegar dinheiro emprestado para investir", resume o economista Fábio Araújo, sócio da consultoria curitibana Brain. Para valer a pena, um investimento assim teria de dar um retorno muito grande. "Você só faz isso se for para financiar um negócio, abrir uma empresa. Caso contrário, não vale a pena", observa.

O tema da valorização dos imóveis aparece na conversa pela possibilidade de Francisco comprar o imóvel para passar adiante logo. Mas o que acontece se o preço cair? Nesse caso, não tem jeito: ele perde dinheiro.

Há uma regrinha bem simples no mercado financeiro: rentabilidade passada não é garantia de ganhos no futuro. Ou, trocando em miúdos: não é porque um bem se valorizou nos últimos tempos que ele deve continuar na mesma levada. Pelo contrário – se um preço subiu muito num período de tempo curto, é grande a chance de o movimento de alta perder a força.

Imagine um imóvel cujo preço por metro quadrado equivale a R$ 2 mil. Uma valorização de 20% implica em R$ 400 a mais no preço. Agora pense no mesmo imóvel, mas custando R$ 4 mil por metro. Se o preço subir 20%, estaremos falando de R$ 800 de acréscimo. Um cliente potencial dificilmente absorveria uma elevação dessa ordem. Dessa forma, o mercado vai se autorregulando e os preços passam a subir mais suavemente.

Vale lembrar que um imóvel pode demorar para vender, gerando custos para o proprietário. E o vendedor precisa pagar corretagem, que reduz o ganho líquido.

E quanto ao aluguel? Será que é a melhor forma para gerar recursos?

Vai depender do que o investidor espera. Provavelmente, ele irá obter algo entre 0,5% e 0,6% do valor do imóvel ao mês – um rendimento próximo ao da poupança, com a diferença de que ele pode embolsá-lo sem precisar reduzir os recursos investidos. Se os seus planos exigirem ganhos maiores, ele terá de buscar uma aplicação com maior risco. E é bom não esquecer que aqui também entram custos com a comissão da imobiliária, que costuma ficar com o primeiro mês de aluguel e com 10% do valor pago mensalmente.

Tudo isso junto quer dizer que o imóvel é mau negócio ou que Francisco deva evitá-lo? De jeito nenhum – só que o comprador/investidor precisa tomar cuidado para buscar a fórmula mais adaptada aos seus projetos de vida. "Tem muita gente investindo e ganhando dinheiro com imóveis", diz Araújo. "Mas também deve ter gente perdendo, se não fez as contas antes."

Convém lembrar que a localização e o estilo do projeto fazem muita diferença na valorização de um imóvel, assim como o tamanho. Apartamentos de um dormitório, estúdios e salas comerciais, segundo Araújo, têm mais liquidez.

Leite

O leitor Rodrigo escreve perguntando sobre as chances de os papéis da Laep Investiments, dona da marca Parmalat, darem uma "alavancada" (presumo que ele esteja se referindo à uma possível alta). Sua dúvida parte da ideia de que a fusão com a Leitbom, realizada no ano passado, e com os latícinos Bom Gosto, divulgada em dezembro, e também a possibilidade de se encerrar a recuperação judicial da Parmalat possam dar nova vida aos papéis. Com a fusão entre as empresas, a Laep – que é uma empresa de investimentos com sede nas Bermudas; o que se negocia na bolsa brasileira são depósitos de ações da companhia – pretende criar o Lácteos do Brasil, maior empresa do segmento no país.

As ações da Laep têm grande volatilidade e são movidas a boatos – os mesmos que devem ter chegado aos ouvidos de Rodrigo. Consultei sobre o assunto o analista Luiz Augusto Pacheco, da corretora Omar Camargo. "É um investimento arriscado, porque não há nenhuma informação firme a respeito, principalmente, da recuperação judicial".

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