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No fim de semana passei por uma concessionária de automóveis. Junto à porta principal pousava um utilitário esportivo da marca, com um letreiro avisando tratar-se do modelo 2015.

Hein? 2015? Seria uma brincadeira de 1º de abril?

Nesse momento, me senti como se tivesse perdido alguma coisa. Há poucos instantes, pensei, estávamos em março de 2014. Se estamos em 2015, quem venceu a Copa do ano passado? E as eleições?

A sensação de perda passou rápido e foi substituída por uma leve raiva. Eu havia sido confundido (de novo) pelo mercado de automóveis, provavelmente o pedaço mais maluco da economia brasileira – uma espécie de País das Maravilhas, onde nada é exatamente do jeito que parece, mas é construído para causar o máximo efeito no consumidor. Quer exemplos?

Em qualquer outro segmento, quando uma pessoa paga por determinado produto um preço inferior ao da tabela, diz-se que o vendedor deu um desconto. Quando se trata de automóveis, a loja diz que concedeu um bônus – palavra que, em outros círculos, costuma designar um prêmio em dinheiro pago a alguém.

Que eu saiba, não há outra área em que as lojas apregoem o preço das mercadorias sem considerar frete e pintura. Cada vez que ouço esse tipo de conversa em uma concessionária, tenho vontade de dizer: "Faça o seu menor preço. Eu vou buscar na fábrica e pinto o carro em casa".

E há, claro, a questão do ano. A montadora citada acima trouxe 2015 à luz nove meses antes, em uma espécie de gestação às avessas. Não é a única e talvez nem tenha sido a primeira (é só por isso, para não ser injusto com os outros malucos do pedaço, que não cito a marca). Pela lógica convencional, a versão que chega ao mercado no primeiro trimestre é o verdadeiro modelo 2014.

É prática comum nesse mercado adiantar as versões remodeladas – e isso faz algum sentido, porque a longa e complexa cadeia automotiva exige que a produção comece mais cedo. Há algum tempo, as novas versões chegavam às lojas em novembro, outubro. Mas março? Não faz muito sentido. Soa mais como uma estratégia muito mal disfarçada para criar um fato novo em um ambiente de vendas em baixa.

O carro que vi na concessionária era de uma marca nova, dessas que desembarcaram no país nos últimos dez anos. Fico surpreso que tenha caído em uma prática tão bobinha do mercado nacional, quando tinha a chance de firmar sua imagem como uma força transformadora em meio a esse nhem-nhem-nhem. Parece que terá de sair do consumidor a iniciativa de cobrar uma atitude mais sincera das montadoras.

Ou você prefere continuar sendo enrolado?

Redução da pobreza…

...no Haiti. Os esforços do governo local nesse sentido estão entre os destaques da nota emitida pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) depois de uma visita técnica ao país caribenho, na semana passada. O Haiti já tinha uma grande dependência das remessas de dinheiro feitas por emigrantes, fenômeno que ganhou muito em intensidade depois do terremoto de 2010. Um dos objetivos do FMI é reduzir essa dependência.

O Brasil é hoje um dos principais destinos dos emigrantes haitianos e, em consequência, uma das principais fontes de transferências de recursos para o país.

Seis velinhas

Esta coluna estreou em 1º de abril de 2008 – há exatos seis anos, portanto, e isso não é mentira. Aproveito a efeméride (alguém ainda usa essa palavra?) para agradecer a bondosa paciência com que os leitores têm me tratado. Obrigado!

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