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Pode ser o clima de Copa chegando para contaminar com paixão de torcedor todos os aspectos da vida cotidiana, economia inclusive. Parece que está cada vez mais difícil enxergar a realidade econômica com olhos de neutralidade por esses dias. Economia e política tendem a se fundir com a proximidade das eleições, e há um clima de "nós contra eles" que há muito não se via por aqui. Sabe clima de Atletiba? Corinthians versus Palmeiras? Grenal? É bem isso: a irracionalidade está tomando conta dos discursos, e isso não é bom.

INFOGRÁFICO: Veja a variação da bolsa nas duas únicas empresas de hotelaria

A refinaria de Pasadena custou caro ou não? Inflação de 6,4% é alta ou não é? Crescimento econômico de 1,6% é suficiente ou não? Tente responder a qualquer uma dessas perguntas e você receberá de volta questionamentos ligados à sua orientação política.

Vale lembrar: o PIB, o IPCA, a Selic e o Ibovespa não têm cor partidária, são variáveis objetivas. Não faz bem avaliar cenários com a fúria de um hooligan.

Nem os hotéis?

Afinal, vai ter Copa. Mas, afinal, alguém (além da Fifa, claro) vai ganhar dinheiro com ela?

De cara, o leitor poderia imaginar que os hotéis configuram um setor econômico que, claramente, tem a ganhar com os jogos. Pelo que se vem falando a respeito do valor das diárias, eles vão se dar bem, sim. Por isso, achei que vale a pena dar uma olhada nas ações de empresas desse ramo.

Os gráficos ao lado mostram a variação de preço das ações de duas representantes do setor hoteleiro na bolsa de São Paulo, nos últimos dois anos. A Hotéis Othon e a Brasil Hospitality Group (BHG) são as únicas companhias dessa área com movimentação na bolsa – há uma terceira, o complexo turístico Costa do Sauípe, que não tem operações no mercado.

A brincadeira é a seguinte: o leitor procura nas linhas algum sinal de influência da Copa do Mundo. Quem achar ganha um cartão postal com foto do viaduto estaiado.

Uma dica: a alta dos papéis da Othon entre fins de 2013 e o começo deste ano pode ser atribuída aos resultados financeiros da empresa, que registrou no ano passado seu segundo lucro anual desde a virada do século, e não tanto à expectativa em relação à Copa.

Seria de se esperar uma alta nos preços, resultado de uma maior demanda por esses papéis, resultante da expectativa de lucros maiores nesse período. Mas o comportamento não foi uniforme: em 28 de maio de 2012, as ações da BHG fecharam a R$ 21,28, e ontem fecharam em R$ 14,51 (queda de 30,7%); já as preferenciais da Othon foram de R$ 0,49 para R$ 0,71 no mesmo período, alta de 44,8%. Cada empresa segue sua lógica, portanto.

Quem recuar um pouco mais vai descobrir que, no primeiro trimestre de 2010, as ações da Othon chegaram a valer quase R$ 2, em um movimento especulativo que tinha a ver com a Copa. Como era apenas isso, especulação sobre uma ação de liquidez muito baixa, os preços caíram logo.

Especialistas dizem que é assim mesmo – na China, papéis de hotéis tiveram altas expressivas quatro anos antes da realização dos Jogos Olímpicos de Pequim (que ocorreram em 2008), mas os preços já haviam desinflado à época do evento.

Palpite de economista

Há alguns dias, a agência de notícias Reuters fez um levantamento com economistas do mundo inteiro sobre seus prognósticos para a Copa do Mundo. Os especialistas são os mesmos que a Reuters ouve sobre estimativas de crescimento econômico, juros e coisas do gênero. Muitos deles aplicam ao futebol os mesmos complexos modelos estatísticos aplicados às variáveis econômicas. Na Copa passada, esse pool de nerds esportivos acertou em sua previsão sobre a vitória da Espanha e desta vez a maioria deles espera um triunfo brasileiro.

Só não se entusiasme muito: você sabe, economistas e meteorologistas compartilham a mesma fama quanto às suas previsões. Na Copa da Alemanha, em 2006, a maioria deles esperava a vitória do time da casa, mas o torneio foi vencido pela Itália.

E aí?

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