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Ouvi ontem uma história interessante, que dá algumas pistas sobre a razão por que tanta gente investe errado. A pessoa procurou o gerente do banco em busca de uma aplicação financeira. Ele apresentou os CDBs da instituição e as planilhas mostrando quanto eles renderam nos últimos meses, algo em torno de 12%, e um comparativo com a poupança. O cliente se animou. Afinal, os ganhos equivaliam a quase o dobro da caderneta.

Como você poderá ver na matéria abaixo, a conclusão estava errada – na verdade, a caderneta tende a ter um rendimento líquido muito próximo a algumas aplicações de renda fixa. Está quase empatando com alguns fundos e, no futuro, poderá encostar nos CDBs. É bom lembrar que o rendimento dos CDBs é sempre expresso como um porcentual do CDI, que é uma taxa de referência para as negociações interbancárias (você sempre vai ouvir que o CDB paga "90% do CDI" ou coisa parecida). O CDI, por sua vez, está sempre "colado" na taxa básica, a Selic. E a Selic, como sabemos está em queda. Mas isso não estava nas planilhas que o gerente mostrou...

Nesse caso, o cliente caiu num dos erros mais comuns por aí: presumiu que a rentabilidade passada iria se perpetuar. Não é isso que acontece, e todos os prospectos de investimentos incluem uma frase em letras pequenas: "rentabilidade passada não é garantia de ganhos futuros".

Essa leitura errônea dos números traz ainda mais danos quando se trata de investimentos em bolsa. Ao ver as notícias de ganhos extraordinários, as pessoas se precipitam a comprar ações. Resultado: entram no barco bem na hora do naufrágio. Basta ver os dados mais recentes: desde o início do ano, as pessoas físicas já retiraram mais de R$ 5,4 bilhões da bolsa, provavelmente assustados com as perdas de 24,5% registradas de janeiro até o fim de setembro. Foi uma debandada. Quem abandonou a bolsa perdeu a maré alta que tem ocorrido este mês. Até agora, o Ibovespa subiu 8,85%.

Por que as pessoas sempre compram ações na alta e vendem na baixa? Na opinião do economista Humberto Veiga, autor de Tranquilidade financeira – Saiba como investir no seu futuro (Editora Saraiva), esse não é um problema que ocorre só na bolsa. "As pessoas compram quase tudo na alta", diz. "Com imóveis tem sido a mesma coisa."

Veiga vê algumas causas para esse comportamento, que é financeiramente autodestrutivo. A primeira é a completa falta de informação. "As pessoas não leem sobre o investimento que pretendem fazer. Não estudam e, quando pedem informações, perguntam para a pessoa errada", resume. Essa pessoa errada, com frequência, é funcionário do banco onde o sujeito tem conta. Como no caso do primeiro parágrafo. Perceba que o gerente poderia ter explicado a tendência dos juros e buscado, com o cliente, uma opção mais adequada.

No caso da bolsa, há ainda a mística que se criou sobre a modalidade. "O investidor novato acha que todo cara que atua nessa área é milionário. E os vendedores se aproveitam, alguns com maldade, outros sem nem perceber", afirma.

Outras vezes a informação errada vem de um parente ou de um amigo. Veiga conta que, numa palestra, foi consultado por um jovem sobre como investir em bolsa. O rapaz estava economizando pequenos valores de seu salário para comprar uma moto, e ouviu de um colega de trabalho que deveria "colocar tudo na bolsa, que está dando 5% ao mês". É claro que o investimento era contraindicado – afinal, havia o risco de o preço dos papéis cair e o jovem perder uma parte importante de suas economias.

O que fazer?

Se o leitor está agora procurando um investimento para ampliar os seus horizontes financeiros, seguem algumas questões a que você deve prestar atenção:

• saiba o que está fazendo – tenha em mente o tempo de investimento e a meta que quer atingir;

• informe-se sobre a tributação e as tarifas. Elas podem corroer boa parte de seus ganhos;

• se for comprar algo para investimento (ações ou imóveis), lembre-se que aqueles bens que mais se valorizaram nos últimos anos tendem a subir menos no futuro;

• se tiver perdas, pense de forma racional. Há uma razão real para essa desvalorização? Se não houver, tenha paciência e espere a recuperação.

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