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O critério de seleção de candidatos em um processo seletivo sempre foi algo questionável. É muito difícil saber se o profissional é adequado para aquela vaga baseado em um currículo impresso e uma breve entrevista. A grande maioria das empresas escolhe o profissional baseado nas competências técnicas dele, ou seja, se têm um bom histórico profissional, boa formação, etc. Outras, com um processo de seleção mais elaborado, procuram descobrir quais são as características comportamentais do candidato. Isso significa descobrir se ele possui perfil de liderança, como reage sob pressão ou como se relaciona com os colegas.

Todos esses critérios são conhecidos pela grande maioria dos profissionais, porém, existe outro que gera polêmica entre especialistas e leigos: a consulta a entidades como SPC (Serviços de Proteção ao Crédito), Serasa, entre outros.

Recebi a história de uma leitora sobre o assunto e decidi compartilhá-la para exemplificar o que pretendo dizer.

Ana trabalhava em uma empresa de telefonia de grande porte há oito anos e foi demitida, em 2008, devido à crise financeira que abalou diversos setores da economia. Ela tinha 35 anos de idade, era mãe solteira e bancava todas as despesas de casa. Quando ficou sabendo que estava desempregada, desesperou-se. Afinal, tinha as contas da casa e dos dois filhos que moravam com ela. Procurou incansavelmente um novo emprego pelos seis meses seguintes, mas devido à situação financeira da grande maioria das empresas, ela não obteve sucesso na busca.

Após esses seis meses de procura, Ana tinha esgotado as suas economias de reserva e começou a pedir empréstimos aos familiares, porém esse dinheiro também não durou muito tempo e logo ela se endividou.

Primeiro foi a conta de telefone, depois o aluguel da casa e a bola de neve só sinalizava mais problemas para Ana. Porém, em uma segunda-feira ela foi chamada para uma entrevista de emprego justamente em sua área de experiência. Arrumou-se, imprimiu seu currículo de maneira im­­pecável e foi à empresa. Du­­rante a entrevista, o empregador mostrou-se entusiasmado com o seu currículo, porém uma pergunta a pegou de surpresa: o contratante a questionou sobre a sua restrição ao crédito.

Sem graça, ela explicou sua situação e, por sorte, o empregador entendeu e contratou-a mesmo com a dívida. Ana teve sorte de encontrar uma empresa que deu a chance dela explicar-se. Porém, nem sempre é assim. Muitas vezes o candidato nem é chamado para a entrevista por alguma pendência em algum órgão público ou entidade como o Serasa. É claro que às vezes o empregador tem razão em não querer contratar alguém que, baseado em suas dívidas, mostra-se alguém sem caráter e de má conduta. Ao fazer o levantamento desse tipo de dado, é possível que a empresa evite a contratação de alguém que não se adaptará à cultura organizacional por ter valores éticos diferentes.

Entretanto, é aceitável e totalmente plausível que algumas pessoas, por estarem de­­sempregadas, acabem se endividando. É certo não empregar alguém que se encontra nessa situação?

Para saber mais sobre o assunto, não deixe de conferir a coluna Talento em Pauta de terça-feira. Até lá!

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