Religião e trabalho

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Apesar de a religião não exercer mais tanta influência na população quanto costumava alguns séculos atrás, ela ainda é algo muito presente na vida de todos. São eles cristãos, budistas, islamitas, espíritas ou de tantas outras crenças. Com toda essa variedade de fés e maneiras de crer, não é difícil presenciar momentos em que a religião esteja presente. Apesar disso tudo, não pretendo falar ou fazer apologia a qualquer religião. Tenho as minhas convicções, que prefiro guardar para mim mesmo, mas gostaria de falar no cuidado que os profissionais devem ter ao relacionar ou deixar a religião interferir no âmbito profissional.

Todos sabem que, atualmente, a variedade religiosa é grande. Mas, por questões de boa convivência da sociedade moderna, o desenvolvimento de conceitos de equidade, respeito e tolerância tornou o convívio com diferentes opiniões algo pacífico. Salvos os locais de adoração, na maioria das vezes as pessoas exercitam suas convicções em silêncio, mas convivemos com a religião em casa, com os amigos e, também, no ambiente de trabalho. Quantos de nós já não pedimos a um Deus ou divindade um emprego, uma promoção, uma troca de chefe ou setor? Porém, no trabalho, o ato de manifestar a crença pode gerar efeitos negativos na imagem do profissional.

Querendo ou não, e apesar de estarmos em uma sociedade moderna, o ser humano está sujeito a, e todos sabem disso, criar juízos de valor sobre as pessoas, baseando-se em ações, comportamento, modo de se vestir, entre outros.

No Brasil, essa cultura de aceitação e respeito é bastante grande – e isso é algo que admiro. A diversidade de colonizadores ao longo de nossa História, nas diferentes regiões do país, nos deixou em contato não somente com pessoas de civilizações diferentes, mas também muito variadas nos quesitos cultural e religioso. Talvez esse seja o ingrediente extra que torna o brasileiro famoso pela sua hospitalidade. Não sei. Mas nossa sociedade é, de fato, bastante plural e madura neste quesito. Entretanto, como para toda regra, há exceções. Nesse caso, várias exceções.

Por mais bem instruídas e resolvidas que as pessoas sejam, é sempre bom ressaltar algumas práticas que ajudam a minimizar e evitar atritos - principalmente quando um assunto delicado como este está envolvido.

Para começar, quando o assunto é religião, inevitavelmente as pessoas aceitam praticamente todo e qualquer comentário de uma maneira muito pessoal. Tão básico quanto isso, deve-se reconhecer que não existe opinião certa ou errada, apenas diferente. Porém, nem todos pensam assim e acabam, por vezes, cometendo erros, insultando ou ofendendo a fé de outros.

Quando este assunto está dentro do ambiente de trabalho, a situação geralmente se complica, pois envolve colegas, chefes e subordinados. Ou seja, afeta pessoas de convívio diário e, consequentemente, o clima organizacional, desequilibrando os níveis de desempenho e bem-estar.

Por isso, por mais que alguém seja muito apegado à sua fé, é preciso ser discreto no ambiente de trabalho. Procure não decorar sua mesa com objetos religiosos como bibelôs e estatuetas. Isso pode gerar conversas sobre o assunto e provocar desentendimentos. Outra dica importante é evitar conversas sobre esse tipo de assunto. Discutir sobre religião é como discutir sobre política e futebol: as pessoas falam, falam, e não chegam a lugar algum. O máximo que se consegue tirar de uma discussão religiosa é um desentendimento.

Particularmente, acredito que quem realmente tem fé, não precisa falar repetidamente sobre ela - no ambiente profissional muito menos. Por mais que seja durante um almoço com um colega da mesma religião, o mais inteligente é evitar esse tipo de conversa. Espere um momento particular e reservado para expressar a sua fé, fazer uma oração ou qualquer ritual religioso.